Capes vai permitir acúmulo de bolsa com atividades remuneradas
Flexibilização deve atrair mais pessoas do mercado de trabalho para a pós-graduação
Isabel Mega
A Capes, do Ministério da Educação, vai dar mais autonomia às universidades e vai permitir que estudantes de pós-graduação possam acumular a bolsa de estudos com atividades remuneradas.
Essa flexibilização deve atrair para a pós-graduação mais pessoas que estão no mercado de trabalho e também ajudar parte da população de baixa renda a continuar os estudos.
O historiador João Vitor Oliveira já ficou sem receber a bolsa de mestrado bancada com recursos estaduais. Ele conta que o dinheiro fez falta: "eu fiquei seis meses tendo que pedir ajuda dos meus familiares enquanto a bolsa não caía".
A dificuldade enfrentada por João vai deixar de existir. A partir do dia primeiro de outubro, será possível exercer uma atividade remunerada e acumular bolsas de mestrado, doutorado ou pós-doutorado.
"Muitas vezes é difícil você manter o aluno num programa de pós-graduação, dada a demanda do mercado, só com uma bolsa. Então, o fato dele poder acumular o salário e a bolsa permite também a permanência desse aluno no programa de pós-graduação que é também o interesse do país", afirma Mercedes Bustamante, presidente da Capes.
Só não serão permitidos acúmulos de bolsas com outros benefícios que sejam financiados com recursos públicos federais. Cada instituição de ensino vai definir as próprias regras.
Uma consequência esperada é incentivar a pesquisa científica, mas isso anda junto com a cobrança por aumento do valor das bolsas. O último reajuste foi de 40% e levou 10 anos para acontecer.
Para o presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Vinícius Soares, o reajuste das bolsas deveria ser anual: "ficamos muito felizes com a portaria, achamos um avanço, mas também a gente acha que ela não pode significar um retrocesso no sentido da gente não continuar na valorização das bolsas de estudos".