GDias admite que documento da Abin divulgado na imprensa foi manipulado
Ex-chefe do GSI presta depoimento na CPI dos atos antidemocráticos na Câmara do DF
Henrique Bolgue
O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou que o documento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que revelaria que ele seria um dos destinatários de informes sobre os ataques de 8 de janeiro, foi adulterado. Entretanto, o general negou que a mudança seja uma fraude.
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"Não adulterei e não fraudei nenhum documento. Sempre falei no GSI que todo documento que passasse por lá tinha que ser a expressão da verdade. A CCAI (Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso) solicitou ao GSI o quê a Abin tinha produzido de informação. Esse documento passou para a Abin, que respondeu com um compilado de mensagens de aplicativo. Esse documento tinha lá "ministro do GSI". Eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp. Então, o documento não condizia com a verdade. Esse era um documento. Ele foi acertado e enviado", afirmou.
Dias foi ouvido como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que investiga os ataques em Brasília, nesta 5ª feira (22.jun).
O "acertado" significaria a edição do documento que foi enviado para a Comissão do Congresso. Na CPI, Dias afirmou que "os alertas não chegavam a mim pelos canais oficiais estabelecidos".
As mensagens foram publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo em abril, que também apurou que o documento sofreu modificações antes do envio ao Congresso.
O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT) pediu investigação. "Essa informação que o senhor traz é muito grave. Porque ela demonstra que um órgão de estado fraudou um documento. Isso é grave. Precisa que seja investigada essa fraude. É um órgão de inteligência da república que fez isso. É muito grave", disse.
O general Gonçalves Dias pediu exoneração do GSI após a divulgação de imagens de câmeras de segurança que mostravam ele dentro do Palácio do Planalto quando o prédio foi tomado por golpistas que não aceitaram a vitória do presidente Lula nas eleições de 2022.