Três defensores de direitos humanos morreram por mês entre 2019 e 2022
Estudo mapeou 1.171 violações ocorridas durante o governo Bolsonaro. Do total, 169 são assassinatos
SBT News
Um relatório divulgado nesta 4ª feira (14.jun) pelas organizações não governamentais (ONGs) Terra de Direitos e Justiça Global revelou que defensores de direitos humanos foram vítimas de 1.171 casos de violência durante o governo Bolsonaro. Desses, quase metade (47%) foi registrado na Amazônia Legal e atingiu principalmente indígenas e negros.
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Intitulado "Na Linha de Frente: violência contra defensores e defensoras de direitos humanos no Brasil", o relatório aponta ainda que, de 2019 a 2022, 169 defensores foram assassinados. Em média, isso significa que três defensores foram mortos por mês no Brasil neste período.
O Norte e Nordeste são as regiões com o maior número de assassinatos, o que, segundo o estudo, pode ser explicado pelo alto índice de conflitos fundiários. No estado do Maranhão, por exemplo, foram registrados 26 assassinatos, seguido do Amazonas (19), Pará (19) e Rondônia (18). A maioria das vítimas lutava pelos direitos e causas ligadas à terra e ao meio ambiente, de acordo com o relatório.
Defensores indígenas (29%) e negros (13%) foram os mais atingidos pelos episódios de violência, que incluem ameaça, agressão física, atentado, deslegitimação, criminalização, importunação sexual e suicídio. Ameaças representam quase metade dos casos registrados (49,4%).
Na avaliação do coordenador executivo da Terra de Direitos, Darci Frigo, os dados são reflexo de um período em que atacar defensoras e defensores de direitos humanos era política de governo.
"O governo de Jair Bolsonaro elegeu, indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais e sem-terra como inimigos centrais da sua estratégia de governo", destaca. E acrescenta: "Ao mesmo tempo, (o governo Bolsonaro) realizou um desmonte das políticas públicas de demarcação de terras indígenas, foi conivente com o desmatamento e invasão das terras indígenas por grileiros e fazendeiros, apoiou o armamento e a mineração. E toda essa situação se manteve impune ao longo desses quatro anos de governo".
O estudo considerou defensor de direitos humanos qualquer pessoa, grupos, povos, movimentos sociais ou qualquer coletividade que atue contra todas as violações de direitos e em defesa dos direitos humanos -- sejam eles individuais ou coletivos (políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais).