Dobram as autorizações para importação de cannabis medicinal no Brasil
Solicitações junto à Anvisa passaram de 40 mil, em 2021, para 80 mil, no ano passado
Fernanda Trigueiro
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, mostram que, em apenas um ano, as autorizações para importação de cannabis medicinal junto ao órgão dobraram no Brasil. As solicitações passaram de 40 mil, em 2021, para 80 mil, no ano passado.
O José Carlos é um dos milhares de brasileiros que viram sua qualidade de vida melhorar depois que incorporaram a substância a seus tratamentos. No caso do administrador, o medicamento tem sido um grande aliado no combate às dores crônicas nas pernas causadas por um acidente.
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"Minha vida era precária, dependia de todo mundo... com muita dor, muita dor física. Eu não dormia", relata José Nolasco.
Há três anos, ele faz uso diário do óleo de canabidiol prescrito por um médico. "Sei que nunca mais vou ser a mesma pessoa de sempre, mas eu tenho condições mínimas de suportar a dor, que é um grande problema", ele acrescenta.
A questão é que esse é um privilégio para poucos. O investimento é alto para o José Carlos importar o canabidiol dos Estados Unidos. Para três meses de tratamento, o custo é de mais de R$ 5 mil.
O plantio de maconha para fins medicinais e industriais no Brasil é proibido, o que tem aumentado as compras de produtos à base de cannabis de fora do país.
Em 2015, quando o uso do medicamento foi liberado, a Anvisa recebeu 850 pedidos de importação. Só nos três primeiros meses deste ano, já foram registradas quase 28 mil novas solicitações.
"A gente tem uma demanda latente muito grande e, em grande parte, é por causa dessa não fabricação nacional", justifica o advogado Rafael Arcuri.
Estudos científicos têm comprovado a eficácia da cannabis. "A gente observa uma grande procura nos transtornos de ansiedade, na depressão, e vou lembrar também da demência, de Alzheimer, na doença de Parkinson, no autismo, na epilepsia e, especialmente, nas dores crônicas", observa o psiquiatra Rodolfo Pipe Musatto.
A capital paulista recebeu, nesta semana, a maior feira da América Latina de cannabis medicinal. Uma oportunidade de mostrar os avanços e, principalmente, apontar os desafios desta terapia no Brasil.
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