Rússia acusa Ucrânia de usar drones para tentar assassinar Putin
Moscou afirma que Kiev tentou ataque aéreo a sede presidencial russa. O atentado foi parado pelo sistema de radar do país
AFP
A Rússia afirmou, nesta 4ª feira (3.mai), que frustrou uma tentativa da Ucrânia de assassinar o presidente Vladimir Putin em um ataque com drones. Kiev, por sua vez, nega envolvimento no fato e reportou um "bombardeio maciço" russo na região de Kherson, no sul.
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"Ontem à noite, o regime de Kiev tentou atingir o Kremlin", no centro de Moscou, com dois drones, que ficaram "fora de serviço", graças a "sistemas de radar de guerra eletrônica", informou a Presidência russa.
"Consideramos estas ações como uma tentativa de ação terrorista e um atentado contra a vida do presidente", manifestou o Kremlin, acrescentando que "a Rússia se reserva o direito de tomar medidas de represália onde e quando considerar apropriado".
A Justiça russa anunciou nesta noite a abertura de uma investigação "por terrorismo relacionada a uma tentativa de ataque à residência do presidente no Kremlin".
O ex-presidente russo Dmitri Medvedev defendeu a "eliminação física" do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que negou envolvimento de seu país no que seria o mais espetacular dos ataques atribuídos a Kiev em território russo desde o início da intervenção das tropas de Moscou na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
"Não atacamos Putin", disse Zelensky em Helsinque, capital da Finlândia, após participar como convidado de uma cúpula de cinco países nórdicos. Atacar o presidente russo "será uma tarefa dos tribunais. Nós lutaremos no nosso território, estamos defendendo nossos povoados e cidades", acrescentou.
Os Estados Unidos mostraram cautela em relação às denúncias da Rússia. "Vi a informação. Não posso validá-la, não sabemos disso", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken. "Veria qualquer coisa que sai do Kremlin com muito cuidado", acrescentou.
As acusações russas ocorrem depois de vários atos de sabotagem e de ataques com drones nos últimos dias contra regiões da Rússia próximas à fronteira ucraniana.
Alguns drones caíram na região de Moscou nos últimos meses, mas esta é a primeira vez que uma incursão atribuída à Ucrânia ocorre no coração da capital russa, a cerca de 500 km da fronteira com a antiga república soviética.
Estes ataques ocorrem enquanto Kiev afirma estar concluindo os preparativos de uma contraofensiva para retomar os territórios ocupados pela Rússia no leste e no sul do país.
Desfile de 9 de maio
A tentativa de ataque denunciada pelo Kremlin ocorre a poucos dias das comemorações, na Rússia, pelo "Dia da Vitória", em 9 de maio, que celebra a vitória das tropas soviéticas sobre a Alemanha nazista, em 1945.
Vários desfiles foram canceladas no país por motivo de segurança. A região de Briansk, na fronteira com a Ucrânia, anunciou nesta 4ª feira que desistiria da comemoração, após sabotagens recentes que provocaram o descarrilamento de dois trens.
Em Moscou, no entanto, as autoridades decidiram manter a grande marcha militar na Praça Vermelha. "O desfile irá acontecer. Não há mudanças no programa", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.
Bombardeios em Kherson
Vinte e uma pessoas morreram e 48 ficaram feridas hoje em bombardeios russos na região ucraniana de Kherson, informou Zelensky no aplicativo Telegram.
Os ataques atingiram "uma estação de trem, um cruzamento, uma casa, uma loja de ferragens, um supermercado e um posto de gasolina", descreveu o presidente, que publicou imagens de vítimas cercadas de escombros no chão de um supermercado. "O mundo precisa ver e saber disto", justificou, prometendo que os culpados "prestarão contas".
Autoridades ucranianas anunciaram hoje um toque de recolher de 58 horas em Kherson a partir da noite de 6ª feira (5.abr), para permitir às "forças de ordem fazerem seu trabalho".
Segundo analistas, a região de Kherson é uma das possíveis áreas de onde as tropas ucranianas poderiam lançar sua contraofensiva. A capital homônima foi retomada pelas tropas de Kiev em novembro.
Na Finlândia, Zelensky mostrou-se otimista sobre as próximas operações bélicas. "Acredito que este ano será decisivo para nós, para a Europa, para a Ucrânia, decisivo para a vitória" contra a Rússia, afirmou.
A União Europeia (UE) apresentou um plano no valor de 500 milhões de euros (cerca de 2,7 bilhões de reais) para acelerar a produção de munições, a fim de repor suas reservas e manter a ajuda à Ucrânia.