Tarcísio: o disputado cabo eleitoral dos candidatos a prefeito de SP
Entenda as possibilidades do apoio do governador de SP para as eleições de 2024
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Tarcísio de Freitas (Republicanos), empossado governador de São Paulo há pouco mais de 100 dias, tem pela frente um grande desafio: definir quem será o candidato a prefeito da capital paulista a ser apoiado por ele nas eleições de 2024.
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O ex-ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL) teria feito um acordo com o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nas eleições de 2022. Em troca de apoio no segundo turno, ele havia se comprometido a ser cabo eleitoral de Nunes em sua tentativa de reeleição. Mas essa promessa esbarra nos desejos do Republicanos, partido de Tarcísio, que nas últimas três eleições municipais -- 2012, 2016 e 2020 -- lançou Celso Russomano como candidato próprio da sigla.
Para dificultar ainda mais a vida de Tarcísio, Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal, se lançou como o pré-candidato "bolsonarista" à prefeitura de São Paulo, pelo Partido Liberal, sendo apoiado por Eduardo Bolsonaro, filho '03' do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um cabo eleitoral em disputa
Independente do que for decidido pelo atual governador do Estado, uma coisa é clara para o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) e doutor em Ciências Sociais Paulo Niccoli Ramirez: Tarcísio será um disputado cabo eleitoral entre os candidatos da direita paulistana.
A imagem de um político moderado, em meio a uma grande polarização nacional que ainda não se dissipou, deve favorecer a campanha dos postulantes ao cargo de prefeito da maior capital do país.
Segundo Ramirez, o governador "tenta gradualmente se desvincular da imagem mais radical da direita e do bolsonarismo, em função de uma visão mais republicana, governamentalista e de respeito às instituições".
"O que pode favorecer o Tarcísio como um cabo eleitoral para 2024 é a questão dele ser uma imagem moderada, a ponto de fazer negociações com Lula, quando houve a tragédia de São Sebastião, no início do ano. Ambos tiveram posturas republicanas, de amplo apoio, mútuo, recíproco, o que é a imagem que a maioria dos eleitores deseja na cidade de São Paulo", argumentou o cientista político ao SBT News.
A moderação, e até um certo distanciamento do bolsonarismo, tem desagradado setores ligados ao ex-presidente, mas seria uma estratégia para conquistar os eleitores da cidade de São Paulo. De acordo com o professor, "é esse o tipo de direita que agrada mais aos paulistanos e não necessariamente o extremismo bolsonarista".
"Ao dialogar com a direita, com a esquerda, até mesmo com o governo federal, ele cria um campo no qual ele se torna uma figura não só influenciável para as candidaturas a prefeito no cinturão que forma a Grande São Paulo, mas provavelmente também ele acaba se configurando como um importante figura presidenciável para 2026", analisa o cientista político, apostando em uma possível candidatura de Tarcísio à Presidência da República, em 2026.
Nos primeiros três meses como governador do Estado, Tarcísio desfruta de uma boa taxa de aprovação -- e uma porcentagem de reprovação ainda melhor, com só 11%. É o que mostra a primeira pesquisa de avaliação da gestão dele, feita pelo Datafolha dos dias 3 a 5 de abril. De acordo com 44% dos entrevistados, o governo do Estado tem gestão considerada boa ou ótima, enquanto 39% consideram regular. 11% definem Tarcísio como ruim ou péssimo.
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+ PSDB não terá candidato próprio para a prefeitura de São Paulo
Na capital, Tarcísio perdeu para Haddad em 2022
Nas últimas eleições gerais, a capital paulista foi, no estado de São Paulo, a cidade mais crítica ao bolsonarismo. O candidato do PT a governador, Fernando Haddad, obteve 54,41% dos votos contra 45,49% de Tarcísio.
Lula também foi o vencedor no município, com 53,54% dos votos, contra 46,46% de Bolsonaro. Para Ramirez, isso demonstra a tendência do paulistano de fugir dos extremismos.
Por isso, o esforço para manter a fama de moderado -- junto a uma baixa reprovação no próximo ano -- pode ser fundamental para o candidato que escolher apoiar, seja ele Nunes (MDB), Russomano (Republicanos) ou Salles (PL).
"A cidade de São Paulo, por ter escolhido o Lula e Haddad, mostra que de fato não deseja extremismos, de modo que o Tarcísio acaba sendo uma figura importante, como cabo eleitoral, para uma figura também da direita se candidatar à prefeitura da cidade. Consequentemente, o Nunes, caso de fato obtenha o apoio do Tarcísio, terá um grande cabo eleitoral, já que o Tarcísio representa essa figura moderada", afirma ele.
Com tantos candidatos se lançando pela direita, ficar neutro seria uma forma de não se comprometer -- e não se prejudicar -- com ninguém. Mesmo assim, Ramirez considera difícil essa possibilidade.
"Dificilmente o Tarcísio vai se manter neutro, porque a neutralidade irá resultar na falta de apoio daqui dois anos, caso ele queira se recandidatar a governador ou mesmo tentar um salto mais alto, como presidente", afirma.
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