Apenas 7% dos rios da Mata Atlântica têm água de boa qualidade
Estudo analisou amostras de 120 rios em 16 estados; mais de 70% dos brasileiros vivem nas regiões avaliadas
José Luiz Filho
Canalizado e espremido entre as ruas da zona oste de São Paulo, o riacho tem um nome nada agradável: Córrego da Água Podre. Referência a um tempo em que sofria com a poluição. Nos últimos anos, projetos de saneamento deixaram a água mais limpa. A vida ressurgiu e o ambiente melhorou.
"Para passar aqui, tinha que tampar o nariz. Agora, está melhor. Agora, a gente consegue passar, consegue até ficar aqui, debaixo da árvore", lembra a servidora pública, Iara Queiroz. Mas, casos como este, infelizmente, são cada vez mais raros em grandes centros urbanos.
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Um estudo do Instituto SOS Mata Atlântica concluiu que, em mais de 90% dos rios do bioma, a qualidade da água é ruim ou, no máximo, regular. De todas as regiões avaliadas, apenas 7% apresentou água classificada como boa.
"A gente está desperdiçando água pelo fator poluição. As consequências são várias. A primeira é o aumento, o agravamento da insegurança hídrica. Água contaminada significa risco à saúde, à integridade das pessoas. Ter água nessa condição é um desserviço às cidades", afirma o biólogo do SOS Mata Atlântica, César Pegoraro.
Os pesquisadores colheram e analisaram amostras de água de 120 rios em 16 estados do país, que estão nas áreas originalmente cobertas pela Mata Atlântica, onde vivem hoje mais de 150 milhões de pessoas. O pior resultado foi o do Rio Pinheiro, que corta a cidade de São Paulo.
Segundo ambientalistas, ações de despoluição, como o mutirão realizado em uma das represas do sistema Cantareira - um dos maiores reservatórios do mundo -, são indispensáveis para a limpeza dos mananciais.
"Ou a gente encara isso como um desafio da humanidade para gente continuar vivendo bem enquanto sociedade ou, daqui por diante, o risco de a gente viver situações de crise, situações de estresse, tende a aumentar", conclui o biólogo.
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