PMDF não cumpriu plano estabelecido para 8 de janeiro, diz ex-secretário
Fernando de Souza Oliveira prestou depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos
No depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do DF Fernando de Souza Oliveira disse que a Polícia Militar não cumpriu as ações estabelecidas para ela no plano de segurança de Brasília preparado para o dia 8 de janeiro.
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"Havia o Plano de Ação Integrada (PAI) 02/23 que determinava as atribuições de cada órgão e foi acordado na 6ª feira [6.jan] à tarde. A PM deveria manter reforço de efetivo nas adjacências, nos prédios públicos, na rodoviária e em todo perímetro. Era para manter todo o reforço de efetivo", disse Fernando. "As ações acordadas na 6ª feira não foram cumpridas. Houve um erro de execução da PM, o Departamento de Operações (DOP) da PM era o responsável e não foi realizado. Posteriormente, no relatório do interventor, ficou demonstrado que sequer havia um plano".
Ainda de acordo com ele, não pode "fazer o juízo de valor, mas houve certa passividade de alguns". "Eu li os planejamentos anteriores, que eram praticamente idênticos. O planejamento foi cumprido em 7 de setembro, no dia da diplomação do presidente eleito [12.dez] e também na posse do presidente Lula [1º.jan]. O que precisamos saber é por que não foi executado no dia 8, inclusive me repassaram a informação de que o efetivo estava maior do que costumamos empregar".
Ele falou aos deputados distritais também que a função da PM em 8 de janeiro era não deixar os manifestantes entrarem na Praça dos Três Poderes e, quando houve a invasão do prédio do Congresso naquela data, "a ideia foi ter todo o efetivo para isolar o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF)". "Demorou muito para essa tropa chegar. Tem áudio meu questionando onde estão essas tropas que estavam de prontidão", complementou.
O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), disse que, pelos relatos do ex-secretário-executivo, começou a chegar à conclusão de que Fernando foi traído.
À comissão, o depoente afirmou não ter qualquer relação pessoal ou de amizade com o ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres e falou ter recebido somente orientações superficiais sobre a atuação que deveria ter no dia 8. Em suas palavras, "o secretário Anderson disse que deixaria o protocolo do PAI aprovado e assinado".
"Participei do final da reunião das forças de segurança. A Cel. Cintia fez o protocolo, e cada força já sabia o que fazer e como fazer. Eu assumiria formalmente a partir do dia 9, em razão da viagem do titular. Inclusive todo o tempo eu me reportava ao secretário Anderson, mesmo durante sua viagem".
Segundo Fernando, não conhecia o então governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), pessoalmente, mas conversou com ele: "Após a viagem do secretário Anderson, o governador me pediu quatro relatórios diários sobre os atos programados para o dia 8. Entreguei voluntariamente meu celular para a Polícia Federal e não sei quantas mensagens troquei com o governador. Após a invasão, o governador deu duas ordens que foram prontamente cumpridas: retirar todo mundo, prender todos e colocar toda tropa na rua. Então já tinha sido instalado o gabinete de crise".
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