Levantamento mostra alta no número de estagiários acima de 40 anos no país
Em 12 anos a participação dos quarentões no mercado de estágio em todas as carreiras subiu 1.702%
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A instabilidade no mercado de trabalho e a dificuldade de recolocação estão levando pessoas mais velhas a retornarem à universidade em busca de formação em nova área de atuação ou de requalificação. Como consequência, elas também voltam a estagiar, dividindo espaço com jovens estudantes ainda em busca do primeiro diploma profissional. Levantamento feito pelo Núcleo Brasileiro de Estágio (Nube), a pedido do SBTNews, aponta crescimento de 1.702% no número de estagiários com mais de 40 anos em atividade no país entre 2010 e 2022.
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O estudo mostra aumento mais acentuado em 2011, quando o número de estagiários passou de 42 para 152 (262%). Já entre 2016 e 2017 houve queda de 12,8%. Contudo, por se tratar de um segmento dinâmico, em 2018 novamente cresceu 150%. No entanto, em 2020, com a chegada da pandemia, a participação dos "quarentões" estagiários no mercado caiu 22,2%. Mas, como o mercado não pára de evoluir, o percentual voltou a aumentar 76,8% em 2022. A expectativa para este ano, segundo pesquisadores do Nube, é atingir patamares ainda maiores com aberturas de vagas para todos os perfis de idade e carreiras.
Carreira em transição
Helenice Accioly, gerente de recrutamento e seleção do Nube, explica que a maioria dos estagiários que passa por ela está em processo de transição na carreira. "Como o pensamento da sociedade em relação à inclusão está mudando e dando mais abertura à diversidade, profissionais acima de 40 anos enxergam maiores possibilidades de se recolocarem no mercado de trabalho ou mesmo de obter retorno financeiro maior e decidem voltar a estudar", observa.
Segundo Helenice, há, inclusive, muitos casos de pessoas que não tiveram oportunidade de estudar antes ou fizeram um curso por conveniência, ou até por influência da família, e agora, com a vida mais estabilizada, decidem fazer aquilo que realmente gostam.
Esse é o caso da estudante Cláudia Fernanda da Silva Leonardo, de 42 anos, moradora em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Desde os 13 anos trabalhou como costureira, mas nunca abandonou o sonho de estudar. Com o casamento e a chegada de três filhos, adiou mais uma vez os planos. Contudo, no decorrer dos anos, sentiu que a costura a estava massacrando e precisava de algo mais em sua vida. Em 2019 prestou vestibular para pedagogia e, mesmo com a pandemia, não abriu mão da universidade.
"No ano da pandemia precisei fazer uma cirurgia na coluna, mas nem assim parei de estudar. Apenas diminui o ritmo de aulas e, hoje, já estou estagiando", comemora Cláudia, que conclui o curso neste ano . Ela trabalha com crianças especiais e afirma que se sente totalmente realizada e feliz ao descobrir o que realmente gosta de fazer. Dados do último Censo do Ensino Superior, publicado em novembro de 2021, indicam crescimento de 89% no número de alunos acima de 40 anos matriculados nas universidades do país. Mas a pandemia novamente interrompeu a escalada, com queda de 42%. Contudo, na comparação entre 2019 e 2020, o avanço atingiu 14,3%. A gerente de recrutamento Helenice afirma que pessoas com mais de 40 anos não precisam mais ter medo de mudar ou de conviver no mercado de trabalho ao lado de jovens porque a própria sociedade se encontra mais acolhedora e menos preconceituosa.