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Luta e humor nos enredos da Rosas, Mocidade, Barroca, Independente e Milênio

Escolas de SP levam combate ao racismo e celebra o riso nos desfiles no Anhembi

Luta e humor nos enredos da Rosas, Mocidade, Barroca, Independente e Milênio
Mulher negra, de costas e vestes brancas, com céu ao fundo
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No país que 98,5% dos entrevistados em uma pesquisa feito pelo instituto Ideia, no início de 2022, admitem que existe racismo no Brasil, mas 85% se consideram "nada racistas"; ou, ainda, um país onde 65% das pessoas mortas por forças policiais são negras - ou, cinco assassinatos por dia -, pelo menos duas escolas de samba de São Paulo vão apresentar um grito contra o racismo e todas as formas de violência contra a população preta no sambódromo do Anhembi. 

Lutas por igualdade  

A Rosas de Ouro levará para a avenida o enredo "Kindala! Que amanhã não seja só um ontem com um novo nome" para exaltar lutas e conquistas dos negros e a busca por igualdade, criticando o "mascaramento" de situações traduzidas no racismo estrutural que assola o país.  

"Kindala", no idioma bantu, significa "agora", uma forma contundente de mostrar que mudanças devem ser feitas o quanto antes. O subtítulo do enredo evoca um verso da música "AmarElo", do rapper Emicida, uma canção de resistência de todas as minorias marginalizadas e que sofrem na pele e corpos os vários tipos de violências. 

Tomaz Silva/Agência Brasil

O rapper, indiretamente, encontra eco em outro enredo de uma escola da zona norte de São Paulo. A Mocidade Alegre levará ao Anhembi o enredo "Yasuke", o primeiro samurai negro da história do Japão por volta do século 16. Outra música de Emicida leva o nome do guerreiro, além de uma coleção de roupas icônica, da marca LabFantasma, também do rapper. O desfile na São Paulo Fashion Week de 2017 fez história ao levar pretos e gordos na passarela da moda, quando essa passarela ainda era branca, magra e excludente. 

Na passarela do samba, o espírito de Yasuke se traduzirá na força bendita do poder - evocando mais um verso do rapper-? que cruzou o mar e chegou ao Oriente, ressoando na cidade mais japonesa fora do Japão. Nas periferias da cidade que não pára, cada jovem negro se veste com a armadura preta de Yasuke para lutar, ser e estar onde quiser

Luta dos indígenas por liberdade 

Do outro lado da capital, no Jabaquara, a Barroca Zona Sul vai exaltar outra luta: dos Guaicurus, indígenas do Pantanal. Na batalha conta invasores portugueses, espanhóis e assassinos bandeirantes, a liberdade como lei para defender a terra originária. Sem senhor, sem invasor e sem subserviência. 

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O enredo acaba por ressaltar dois recentes e lamentáveis episódios ocorridos no Brasil: os incêndios devastadores no Pantanal, em 2020 ? e as elevadas taxas de desmatamento dos últimos anos, com recordes ? além da situação dramática dos yanomamis. Nos ensaios da Barroca era comum ver desfilantes com placas do tipo "S.O.S Yanomamis" e pedindo respeito aos verdadeiros donos daquela terra

Luta por vitória e conquista 

A Independente Tricolor também vai guerrear no sambódromo paulistano. Após estrear na elite em 2018 e cair por um problema na alegoria da comissão de frente; depois de um incêndio que destruiu fantasias e carros alegóricos em 2019, a escola vai usar a Guerra de Troia como inspiração no retorno ao Grupo Especial. 

No conflito da antiguidade, a estratégia foi determinante para a vitória, em meio a amores e traições e um dos "presente" mais famosos da humanidade: o Cavalo de Troia. Agora, presente na elite das agremiações, a Independente quer vencer a batalha e fincar o samba no pé no grupo principal. 

Faça humor, não faça guerra 

Quem também estreia na elite é a Estrela do Terceiro Milênio. A escola do bairro do Grajaú, no extremo sul da capital paulista, vai cantar o enredo "Me dê sua tristeza que eu transformo em alegria. Um tributo à arte de fazer rir". Na passarela, uma homenagem ao humor, artistas e personagens que marcaram o país com o riso. 

Carlos Alberto de Nóbrega no banco da "Praça" | Reprodução/SBT

O desfile vai remontar à antiguidade, passando pelos bobos da corte da era medieval, até chegar ao Brasil. Por aqui, o riso como forma de enfrentar os horrores da ditadura militar, driblando a guerra de informação e a censura promovida pelos executores. Por fim, o humor em todas as telas, "no sofá ou no banco da praça", como um remédio para aplacar todas as dores, de tantas guerras e lutas, sem perder a graça, mas sempre com resistência. 

Na última parte sobre os enredos do Carnaval de São Paulo para 2023, uma viagem do céu à terra com a Águia de Ouro, Vila Maria, Tatuapé, Dragões e Mancha Verde.

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