Afundamento do porta-aviões pode causar danos à vida marinha
Biólogos afirmam que consequências podem ser irreparáveis
Emerson Pereira
Biólogos afirmam que o afundamento do porta-aviões São Paulo pode trazer consequências irreparáveis à vida marinha. O navio foi afundado nesta 6ª feira (3.fev), em uma operação da Marinha.
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O naufrágio aconteceu a 350 quilômetros de distância do litoral pernambucano, ainda em águas brasileiras, numa área com 5.000 m² de profundidade. A Marinha informou que escolheu o local com base em análises feitas pelo seu próprio centro hidrográfico e também por um instituto de estudos do mar. Disse que verificou vários aspectos para que a embarcação afundada não prejudicasse a navegação e nem o meio ambiente.
"Isso pode trazer consequências irreparáveis para a biologia marinha e para as pessoas, principalmente das pessoas que tiram seu sustento da vida marinha, pela carga e pela condição de amianto que esse navio traz", afirma o biólogo Leandro Alberto de Oliveira.
Na semana passada, o ministério público federal entrou com uma ação civil pública solicitando que a justiça impedisse a marinha de naufragar o porta-aviões são paulo, alegando que isso poderia causar grandes danos ambientais./ mas o pedido foi negado./
O navio que serviu às Forças Armadas do Brasil durante 20 anos foi vendido em 2021, por R$ 10 milhões, a uma empresa turca, que pretendia desmanchar e reciclar o casco, mas quando o porta-aviões estava chegando próximo à Europa, o governo da Turquia proibiu a entrada nos portos de lá, porque a estrutura da embarcação tinha quase 10 toneladas de amianto, uma fibra natural com potencial tóxico e cancerígeno, que é atualmente proibida em 60 países, incluindo o Brasil.
Quando retornou da Europa, o navio também não teve autorização de atracar no porto de Suape, em Pernambuco, e desde outubro ficou navegando sem destino certo na costa nordestina.
O biólogo Leandro Alberto de Oliveira explica que o amianto presente do navio que afundou pode provocar vários prejuízos a curto prazo ou mesmo depois de muitos anos.
"A curto prazo a gente pode ter a morte de muitos animais marinhos, impactando na economia das pessoas ribeirinhas que vivem dos seus crustáceos, dos peixes, principalmente fazendo com que eles não encontrem mais alimentos nessa orla. a longo prazo a gente pode ter deficiências relacionadas a tipos de câncer", diz o biólogo.
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