CVM investiga venda atípica de ações da Americanas no ano passado
Diretores da empresa negociaram quantidade de papéis cinco vezes acima do que costumava ser praticado
Luciano Teixeira
Uma movimentação atípica de venda de ações das lojas Americanas no ano passado entrou nas investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que fiscaliza empresas com ações em bolsa.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
No segundo semestre do ano passado, diretores das Americanas negociaram uma quantidade de papéis cinco vezes acima do que costumava ser praticado. Transações que teriam rendido R$ 244 milhões em valores corrigidos.
A investigação apura se houve uso de informação privilegiada, antes do anúncio da crise que a rede de lojas enfrentaria.
Um dos responsáveis pelo levantamento sobre as ações das Americanas, Leandro Petrokas acha que é cedo para fazer um julgamento: "requer análise requer apuração, uma entrevista com essas partes relacionadas, principalmente com esses diretores que realizaram essas vendas, se eles sabiam ou não, se haveria fraude, ou esse tipo de situação que está acontecendo com as Americanas".
Nesta 6ª feira (3.fev), funcionários da rede varejista protestaram no Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, em frente a uma das lojas da Americanas, com o apoio do Sindicato dos Comerciários. Eles temem demissões em massa.
Funcionários dizem que as demissões já começaram. "A empresa diz que as demissões já estavam programadas, o fechamento de algumas lojas já está acontecendo desde o mês de outubro e eles também dizem que não tem relação", afirma a funcionária Darlana Santiago.
Após a manifestação, uma reunião ocorreu entre sindicalistas e diretores da Americanas. Nesta semana, 50 servidores terceirizados da área de tecnologia da informação de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre foram demitidos. A empresa, que tem 44 mil funcionários e 60 mil prestadores de serviço, entrou com pedido de recuperação judicial em 19 de janeiro, depois que foi revelado um rombo nas contas. A dívida já chega a quase R$ 48 bilhões.
"A empresa precisa apresentar um plano de recuperação viável pra que a gente possa preservar os empregos e estamos aqui justamente pra cobrar isso, e também pra que a gente possa cobrar a punição a esses controladores", afirma Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio e Janeiro.
A direção das lojas Americanas informou que não vai fazer demissões em massa até o próximo dia 19 de março, prazo final para a empresa apresentar o plano de recuperação. Em resposta ao Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, a varejista garantiu que demissões pontuais serão comunicadas com antecedência.
Leia também: