Terras indígenas com povos isolados são as mais ameaçadas da Amazônia
Entre as terras indígenas analisadas, a Ituna Itatá, no Pará, foi onde o desmatamento mais avançou
Nara Bandeira
As terras indígenas onde vivem povos isolados, na floresta amazônica, são as mais ameaçadas por desmatamento, queimadas, grilagem de terras e mineração ilegal.A conclusão é de um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. (IPAM)
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Entre as terras indígenas analisadas, a Ituna Itatá, no Pará, foi onde o desmatamento mais avançou entre agosto de 2018 e julho de 2021. Foram quase 185km² de floresta devastados.
O aumento das queimadas na região ultrapassou os 400%, na comparação entre o triênio de 2019 a 2021, e o anterior de 2016 a 2018. Situação considerada crítica, segundo o estudo do IPAM, em parceria com a coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Seis das 10 terras indígenas mais atingidas pela destruição da floresta são territórios de povos sem contato com outras populações.
"Quando você deixa de dar importância pra grupos que ainda nem conhece, pode estar perdendo toda uma história de um povo, de uma nação, aniquilando, matando um povo sem dar o direito deles de sobreviver", diz Martha Fellows, coordenadora do núcleo de pesquisa do IPAM
De acordo com os pesquisadores, 34% das terras indígenas de povos isolados não tiveram os processos de regularização fundiária concluídos. Enquanto isso, o cadastro irregular de propriedades rurais dentro dessas terras indígenas, proibido por lei, chega a 22% do total de alguns territórios.
Para os responsáveis pelo estudo, é urgente, e ainda possível, proteger essas populações.
"Só a demarcação da terra não é o suficiente pra que os povos indígenas tenham o domínio sobre ela. Com a demarcação você já tem que tá embutido vários programas", avalia Toya Manchineri, coordenador geral da Coiab.
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