Pobreza registra maior nível desde 2012 e atinge 62,5 milhões de pessoas
Levantamento do IBGE aponta Nordeste e Norte como principais regiões impactadas
O número de pessoas em situação de pobreza continua crescendo. Segundo balanço do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta 6ª feira (2.dez), em 2021, cerca de 62,5 milhões de brasileiros encontravam-se na linha de pobreza, cifra que representa 29,4% da população. Destas, 17,9 milhões (ou 8,4%) estavam na extrema pobreza. O cenário é o pior já registrado desde 2012.
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Os dados apontam que, entre 2020 e 2021, houve um aumento recorde nos dois grupos, sendo que o contingente abaixo da linha de pobreza cresceu 22,7% (mais 11,6 milhões de pessoas) e o das pessoas na extrema pobreza aumentou 48,2% (mais 5,8 milhões). Com isso, o índice de desigualdade voltou a crescer e atingiu o patamar de 2019, o segundo maior da série, atrás apenas de 2018.
A proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%), enquanto o percentual de jovens entre 15 e 29 anos pobres (33,2%) é o triplo dos idosos (10,4%). Ainda em 2021, cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha de pobreza.
No recorte regional, Nordeste (48,7%) e Norte (44,9%) tinham as maiores proporções de pessoas pobres em 2021. Posteriormente, apareceram as regiões Sudeste e Centro-Oeste, com 20,6% (ou um em cada cinco habitantes). O menor percentual, por sua vez, foi registrado no Sul, com 14,2%.
No período analisado, o rendimento médio domiciliar per capita chegou ao menor nível desde 2012: R$1.353. Em meio ao cenário, 2,6% da renda da população era composta por programas sociais. Já entre os que recebiam até um quarto de salário-mínimo per capita, o rendimento do trabalho representava 53,8%, enquanto a parcela proveniente de programas sociais chegava a 34,7%.
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"A recuperação do mercado de trabalho em 2021 não foi suficiente para reverter as perdas de 2020. Isso e a redução dos valores do Auxílio-Emergencial, podem ajudar a explicar esse resultado", explica André Simões, analista da pesquisa.