Catadores informais coletam mais de 1,5 milhão de toneladas de lixo por mês
Pesquisa feita com profissionais de SP, BH e Rio conclui que eles coletam 65% dos resíduos recicláveis do país
Emanuelle Menezes
Os 281 mil catadores de materiais recicláveis autônomos do Brasil coletam mais de 1,5 milhão de toneladas de lixo por mês. É o que conclui uma pesquisa do aplicativo Cataki e do movimento Pimp My Carroça, que atuam para dar mais visibilidade aos catadores.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Isso significa que os catadores informais são responsáveis pela coleta de mais de 65% dos 27,7 milhões de toneladas de resíduos recicláveis produzidos por ano no Brasil.
A pesquisa entrevistou 421 profissionais, divididos entre usuários e não usuários do aplicativo, para levantar um perfil sociodemográfico e econômico deles. Desses, 156 estavam cadastrados na plataforma. As questões foram aplicadas em abril de 2022 em três cidades: São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
A partir dessas informações o Cataki estima que, em São Paulo, os 1767 catadores cadastrados no aplicativo chegam a coletar 1,7 vezes mais que a coleta seletiva oficial do município.
A média diária de coleta dos catadores entrevistados é de 341kg em São Paulo, 215kg em Belo Horizonte e 138kg no Rio de Janeiro.
O aplicativo Cataki, lançado em 2017, é uma rede de apoio que conecta catadores, geradores e compradores de resíduos recicláveis.
Já o Pimp My Carroça é um movimento social que atua desde 2012 para tirar os catadores da invisibilidade e promover melhorias nas condições de trabalho e renda desses profissionais por meio da arte, sensibilização, tecnologia e mobilização coletiva. Eles começaram, em 2012, reformando e pintando carroças de catadores usando o grafite, mas nos últimos anos passaram a expandir as ações e estratégias para fortalecer o trabalho desses profissionais.
Perfil dos entrevistados
Em São Paulo, 75% dos catadores não cadastrados no aplicativo são do gênero masculino. Entre os cadastrados, esse número chega a 62%. Em Belo Horizonte, 80% dos não cadastrados são homens, enquanto os cadastrados são 56%. No Rio de Janeiro, os homens somam 75% dos catadores não cadastrados e 66% dos cadastrados.
Na média das três cidades, o levantamento aponta que 51% dos catadores, usuários e não usuários do aplicativo, se identificam pardos e 25% pretos. Para o Cataki, essa representação é sinal de racismo ambiental.
"O racismo ambiental demonstra como a maior parte das pessoas que são afetadas pela crise climática, econômica e social é racializada. No Brasil, esse perfil é majoritariamente de pessoas pretas e indígenas, historicamente marginalizadas e afastadas de espaços de poder no mercado de trabalho, com pouca (ou nenhuma) representatividade, além de remunerações inferiores às de colegas brancos", diz a pesquisa.