Novo governo quer vacina contra milícias digitais
Jornalista Hélio Doyle avalia que gabinete do ódio da extrema direita vai continuar agindo
Roseann Kennedy
O grupo de trabalho de comunicação na transição do Governo Lula deve propor "vacinas" para a próxima gestão enfrentar a atuação das milícias digitais. O jornalista Hélio Doyle, que integra o GT, admitiu em entrevista exclusiva ao SBT News que essa é uma preocupação presente.
"É essencial (ter vacinas). A gente sabe que esse trabalho, que costumamos chamar de gabinete do ódio, vai continuar fora do governo (Bolsonaro), porque a extrema direita vai continuar com seus métodos, com essa atitude. E o futuro governo vai ter que se precaver em relação a isso e tomar medidas que informem cada vez mais a sociedade, que tenha instrumentos para que as pessoas não fiquem reféns de fake news. Realmente é uma preocupação que nós temos", afirmou.
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Um dos consultores do grupo de comunicação é o deputado federal André Janones (Avante-MG), que tem forte atuação nas redes sociais. No entanto, ao longo da campanha eleitoral, o próprio Janones divulgou fake news para favorecer a campanha de Lula. Doyle disse que dentro do governo esse tipo de ação não será admitida.
"O deputado tem a sua autonomia como pessoa física, como deputado. Agora, um governo não pode permitir ser emissor de fake news. Acho que ninguém deve ser. Mas um governo, principalmente, a figura institucional do Governo, não pode difundir fake news, então, isso está fora de cogitação. Agora, o deputado é o deputado", pontuou.
O GT de comunicação avalia fazer audiências com jornalistas e outros influenciadores digitais ligados à esquerda, já que a composição do grupo tem mais nomes com experiência em mídia tradicional e em atuação em cargos de indicação política.
Segundo Hélio Doyle, o grupo não avalia fazer sugestões para resgatar a discussão sobre a regulação da mídia, tema que já causou muita polêmica no passado. O que se fala de regulação é referente à atual assimetria nas regras e concorrência entre mídia tradicional e as grandes plataformas digitais, a exemplo do Google, Facebook e Twitter. Mas o tema deverá ter foco maior em outro Grupo de Comunicações que trata, por exemplo, de telecomunicações e 5G.
Nesta entrevista ao SBT News, Hélio Doyle também confirmou o interesse do grupo de sugerir tirar a EBC - Empresa Brasil de Comunicação da lista de privatizações e fortalecer a TV pública; falou que o GT estuda se a Secretaria de Comunicação do Governo deve voltar para o Palácio do Planalto e manifestou preocupação sobre a transmissão da posse presidencial no dia primeiro de janeiro.
Veja a entrevista completa: