Reintegração de posse deixa dezenas de famílias sem lar em Santo André (SP)
No terreno de 48 mil m², que pertence a uma incorporadora, serão construídos 1.500 apartamentos
Simone Queiroz
Dezenas de famílias ficaram sem ter onde viver depois que a polícia cumpriu uma reintegração de posse nesta 5ª feira (17.nov), em Santo André, no ABC Paulista.
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Eram barracos de madeira, mas eram casas de famílias. A cena foi desoladora e tensa. Depois de atearem fogo a dois ônibus, moradores incendiaram os barracos que seriam destruídos na ação.
No terreno de 48 mil m², que pertence a uma incorporadora, havia muitas crianças.
"Meu coração está quebrado, eu não aguento mais chorar, não tenho mais nem lágrima pra soltar. Eu preciso de uma moradia", desabafa Ana Paula Mendes da Silva, catadora de materiais recicláveis.
A polícia, que deu apoio à reintegração, e a líder dos moradores têm versões diferentes para tudo que aconteceu nesta 5ª feira e antes.
"A gente não sabia que eles vinham, chegaram aí com tudo, com tropa, isso, aquilo, força de choque, e não sabíamos", diz Viviane Rodrigues, representante da comunidade.
"Nós convidamos moradores da região, que foram com advogados nas duas reuniões, todos sabiam que hoje seria a data", afirma Arley Topalian, capitão da Polícia Militar.
Com as casas virando entulho, as famílias tentavam salvar o que podiam. A informação é de que o terreno abrigará um condomínio de 1.500 apartamentos destinados a pessoas de baixa renda, anteriormente cadastradas.
As famílias afirmam que, ao longo do tempo em que viveram no local, tentaram ser incluídas em programas de moradia da prefeitura de Santo André, e nada conseguiram. Hoje, sentem-se ainda mais abandonadas porque 11 horas depois do início da reintegração ainda não apareceu ninguém das áreas de habitação e assistência social da prefeitura ou do estado de São Paulo. Logo, a partir de hoje a casa é na calçada.
A prefeitura de Santo André disse que as famílias podem procurar o Centro de Referência de Assistência Social e ter acesso a auxílios permitidos por lei. O governo de São Paulo alegou que a situação das famílias é uma responsabilidade do município.
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