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Consumidores se frustram com múltiplos aplicativos, diz Luís Bonilauri

Responsável pela área de mídia e entretenimento fala sobre pesquisa da Accenture ao SBT News

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Consumidores se frustram com múltiplos aplicativos, diz Luís Bonilauri
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Cerca de 50% dos consumidores se sentem frustrados com experiência de precisar navegar em múltiplos aplicativos, diz pesquisa da Accenture. Em entrevista ao SBT News nesta 5ª feira (17.nov), Luís Bonilauri, responsável pela área de mídia e entretenimento da empresa, falou sobre o levantamento.

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"Os famosos algoritmos ainda não são perfeitos", ressalta. "Mais de 50% das pessoas pesquisadas apontaram que os conteúdos recomendados pelas plataformas ainda são indiferentes para elas", afirma. 

Confira abaixo a entrevista:

SBT News -- Diz para gente então, vocês têm uma pesquisa relacionada ao consumo de TV pelo streaming. O que diz essa pesquisa que vocês devem divulgar hoje aqui também nesse evento?

Luís Bonilauri -- Nós na Accenture fazemos anualmente uma pesquisa relacionada às tendências da nossa indústria de mídia entretenimento.

E no ano passado a gente rodou essa pesquisa em 11 países, sendo que um deles o Brasil pesquisamos com mais de 6.000 pessoas para entender, né? Quais são esses novos hábitos de consumo que estão surgindo. já que o streaming se tornou a plataforma mais vista pela pelo público nos Estados Unidos, e essa tendência vem acompanhando nos outros países, inclusive no Brasil. 

"No futuro, a gente vai consumir mais streaming do que as outras plataformas como TV, rádio,etc".

E nessa pesquisa surgiram algumas oportunidades que são problemas que hoje né? As plataformas não interessa do lado do consumidor.

Então para ilustrar a primeira a oportunidade que aparece é que nós, como consumidores ainda, estamos frustrados, né com essa experiência de navegar em múltiplos aplicativos ou múltiplas plataformas.

No final, mais de 50% do público se diz ainda um pouco muito frustrado com essa experiência. Lembrando que a experiência de uma televisão é muito mais simples.

"A gente senta, usa o controle remoto, faz o 'zap' de canais e você tem ali. Hoje em dia, essa experiência é muito frustrante".

A pesquisa também apontou que o tempo para as pessoas procurarem um conteúdo nas plataformas em geral é mais do que seis minutos. 

Você pensa, você tá em casa, a gente acaba levando mais de 6 minutos e gera uma grande frustração. 

Como é que a gente conseguiria ter uma experiência mais rápida mais fluida, e também aparece o segundo problema, que aqueles famosos algoritmos.

"Inteligência Artificial de recomendação, que de alguma forma procure entender o consumidor a partir dos dados, ainda não é perfeito".

Então, as pessoas também apontam que mais de 50%, 56% das pessoas pesquisadas apontaram que os conteúdos recomendados para essas plataformas ainda são indiferente para eles. Quer dizer, não são relevantes, ou seja, a gente acaba gerando uma frustração maior.

Muito tempo para achar o conteúdo que quer e aquelas recomendações, muitas vezes, não são aquilo que a gente gostaria.

Aí aparece uma oportunidade interessante, que também na pesquisa, a gente identificou que as pessoas estariam aptas a dar mais informações, mais dados sobre a nossa vida particular em troca de uma melhor recomendação ou de serviço um pouco mais satisfatório.

De fato é um momento de reflexão, a indústria tá mudando bastante. Antigamente, a gente não tinha essa profusão de serviços, com possibilidade de assinatura ou mesmo é havia publicidade, mas esses problemas aparecem.

Uma terceira, talvez o maior problema que a gente viu na pesquisa, isso inclui no Brasil, que as pessoas ainda disseram assim, "olha, eu ainda quero reduzir o valor que eu gasto com todos os meus serviços de assinatura de televisão".

"A gente está pagando vários serviços no final e a gente quer reduzir, não está cabendo no bolso, a gente viu, a infração chegou, crise, etc".

SBT News -- De 30 em 30 reais, que é o custo médio de cada streaming, a conta vai longe...

Luís Bonilauri -- A conta vai longe. Então, se vai somando um pouquinho, quando você vir acabava pagando mais do que você pagava antigamente, talvez numa num pacote de TV paga.

Então, isso também gera uma frustração. E a pesquisa também apontou desse lado, do ponto de vista econômico, que as pessoas acham que é muito caro assinar o preço que se paga por todas as assinaturas que elas desejariam ter.

Se eu fosse assinar todos os serviços que acho que tem alguma relevância, tem um conteúdo legal, bacana para consumir com a minha família, sairia muito cara. Aí são os três pontos que a indústria ainda precisa evoluir. 

Então, são insights importantes, ou seja, pontos importantes para que desenhe as suas estratégias para de alguma forma trair mais consumidor, mais a atenção, mais audiência, e tenha uma remuneração adequada por esses serviços.

SBT News -- Bom, essa pesquisa de vocês em relação ao conteúdo sobre demanda é on demand.  Aqui a gente tá numa reunião mais voltada para televisão linear. De que forma que esses executivos dessas empresas da TV convencional podem acabar tirando proveito dessas pesquisas que vocês vão divulgar aqui hoje?

Luís Bonilauri -- Essa é uma ótima pergunta, André, porque a gente olha que, no fundo, a internet está propiciando um novo canal de distribuição.

E os canais de TV linear na Internet, isso é uma grande oportunidade também. Tem empresas como Viacom, com o Pluto TV, nos Estados Unidos que através da transmissão de canais lineares na internet, está conseguindo receitas cada vez maiores, crescendo as suas receitas de publicidade.

Tem uma grande oportunidade de ter estratégias que combinam a TV linear, que continua relevante e continuará relevante, não acredito que a TV linear vai perder sua relevância. 

Mas, também, deveria ter uma estratégia combinada com serviços na internet sobre demanda, mas também com canais lineares não-lineares, vídeos, qualquer tipo de consumo que se adeque melhor a nossa necessidade, nossa vontade de consumir em determinado momento.

SBT News --  Me lembro de um exemplo que é da Netflix, líder no streaming, em grande parte do mundo, talvez todo o planeta. Na França, por exemplo, eles criaram um canal linear justamente por conta dessa dificuldade do telespectador e escolher ali geralmente o que quer assistir. É uma tendência o streaming adotar estratégias da TV linear e a TV linear adotar estratégias do streaming, de forma que tudo vai se confundindo com o passar do tempo, se torna uma coisa só?

Luís Bonilauri -- Sim, acho que essa esse ponto que você colocou ele é fundamental a gente viu? Talvez um pêndulo, em que há uma pulverização de serviços on demand pagos e não pagos.

E agora um pouquinho uma volta para o mundo mais linear, mais conectado, mais integrado para justamente resolver esse problema de frustração do consumidor. É o que você falou, na França, as pessoas têm um hábito de consumo de canal linear, onde você tá relaxado.

"Então, quer dizer, as próprias empresas elas estão se adaptando. A Netflix, até um pouco tempo atrás, anunciava que nunca ia fazer publicidade, agora tá começando a fazer e anunciou uma parceria global com a Microsoft".

A indústria está se transformando, a gente ainda não chegou no ponto final, o que é bastante interessante. Vamos ver as cenas dos próximos capítulos. Nos próximos anos, tem muita coisa para acontecer aí.

SBT News -- Uma última mensagem que você deixa aqui para quem está acompanhando esse evento pela internet e é entusiasta, não só executivo, profissional do setor, mas é um entusiasta desse nosso setor.

Luís Bonilauri -- Acho que como última é frase, lembrando o conteúdo é o rei, como a gente sempre fala, nunca vai deixar de ser. Entender o consumidor, trazer melhor conteúdo e experimentar novos formatos, novos meios de distribuição é fundamental para uma estratégia bem sucedida.

"A gente está no meio de uma revolução, então mais coisas vêm pela frente e estar super antenado e se adaptando esse mundo tecnológico que está nos transformando no dia a dia".

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A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), promoveu nos dias 16 e 17 de novembro, o 29º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, no Royal Tulip Alvorada, em Brasília.

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