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Polícia

25 anos do sequestro do ônibus 174: tragédia marcou o Brasil e impulsionou mudanças na segurança pública

Caso emblemático levou a Polícia Militar do Rio a investir em treinamentos especializados para lidar com crises

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Em 12 de junho de 2000, o Brasil parava para acompanhar um dos episódios mais marcantes da história recente do Rio de Janeiro: o sequestro do ônibus 174. Foram horas de tensão transmitidas ao vivo pela televisão, que mobilizaram curiosos, jornalistas e policiais.

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Dentro do veículo, dez reféns estavam sob a mira de um sequestrador armado. Entre eles, a professora Geísa Gonçalves, que foi reconhecida pelo namorado, Alexandre Magno de Oliveira, ao assistir à transmissão ao vivo.

“Eu parei o que eu estava fazendo e fui ver... na TV. Aí eu falei para uns amigos... poxa... essa pessoa que esse bandido pegou a refém... é minha esposa. Não... não é... é minha esposa, sim. Na mesma hora eu larguei o que eu estava fazendo... e vim para cá”, relembrou o porteiro.

Após cerca de quatro horas de negociações, a ação da polícia terminou de forma trágica: Geísa morreu durante a intervenção da PM.

“Um policial estava na frente do ônibus, pegou uma submetralhadora, uma arma, né, e tinha dado... sacou para dar um tiro e eu só sei que ela caiu junto com um bandido”, contou Alexandre.

O sequestrador era Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária, ocorrida em 1993. Após ser rendido, ele foi morto por asfixia dentro da viatura policial.

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O ônibus ficou parado em um trecho da Rua Jardim Botânico, em frente ao Parque Lage, ponto turístico da cidade, onde as negociações ocorreram. O caso teve grande repercussão e, a partir dele, mudanças foram implementadas na atuação da Polícia Militar.

Nos anos seguintes, a corporação passou a investir em treinamentos especializados. Segundo o major PM Mário Rosner, comandante do Centro de Instrução Especializada e Pesquisa Policial (CIEsPP), os resultados são significativos.

“Hoje, nós temos quase 150 ocorrências envolvendo reféns no estado do Rio de Janeiro, nas quais o BOPE atuou. Nós temos quase 400 horas de negociação efetiva e quase 400 reféns ou vítimas foram libertadas. Nesse período, importante frisar, que nenhum policial militar e nenhuma vítima perdeu a vida”, afirmou.

Um exemplo foi o caso registrado em março do ano passado, quando um homem sequestrou um ônibus na Rodoviária do Rio e manteve 16 pessoas reféns por três horas. A negociação terminou com a prisão do criminoso, Paulo Sérgio de Lima, e duas pessoas feridas.

Para o advogado criminalista e especialista em segurança pública Marcos Espínola, o preparo psicológico do policial é essencial.

“O trabalho psicológico é primordial e o preparo do policial também. Aquele momento para ele saber se ele vai usar uma arma ou se ele vai usar a negociação. Mas a arma deve ser o último recurso e, a princípio, a preservação da vida humana, tanto do criminoso quanto das pessoas que estão ali, próximas da própria vítima.”

Apesar dos avanços, para quem viveu de perto o drama, a dor permanece.

“Todo ano eu venho aqui trazer flores, que foi aqui que ela perdeu a vida. Vai ficar sempre vazio em mim. Eu posso estar com quem estiver, mas vai ficar sempre vazio”, disse Alexandre, emocionado.
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