Quantidade de favelas triplicou no Brasil em 37 anos
Manaus e São Paulo foram as capitais com maior aumento no número de áreas urbanas irregulares
Nara Bandeira
As áreas urbanas irregulares -- como as favelas -- aumentaram três vezes, no Brasil, em 37 anos. O estudo foi feito a partir de imagens de satélite.
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Uma moradia improvisada sobre o terreno alagado e sem rede de esgoto, é assim que a dona de casa Natália Borges vive, em uma área de ocupação. O conjunto habitacional ficou só na promessa. "Minha casa tá caindo, dá muito rato, chove, molha tudo", conta.
Natália vive em Belém, a terceira entre as cinco capitais brasileiras onde áreas urbanas irregulares tiveram maior crescimento de 1985 a 2021. Manaus e São Paulo lideram a lista. Rio de Janeiro e Salvador também aparecem.
O estudo do MapBiomas foi feito com base em imagens de satélite. Na capital paraense, 51,77% do território é ocupado por essas áreas urbanas, que surgiram sem planejamento, e com pouca ou nenhuma infraestrutura.
"Muitas vezes não tem uma política pública voltada pra essa população, de acesso à moradia em condições dignas e, muitas vezes, o que acontece é que essa população ela fica na mão de loteamentos, loteadores que não concluem todo o processo de loteamento e muitas vezes a população mesmo ela vai fazer a sua própria moradia", afirma a coordenadora do estudo, Mayumi Hirye.
Entre os biomas brasileiros, a Amazônia teve o maior crescimento de áreas urbanas informais, com 29,3%.
De cada 100 hectares de ocupações desordenadas que surgiram no Brasil, 15 foram em áreas de risco, como os terrenos com risco de deslizamento ou perto de rios e córregos onde há perigo de alagamentos. Nesse caso, entre os biomas, o cerrado foi o que liderou o ranking de maior aumento das áreas urbanizadas em risco, com 382%.
Para Juliano Ximenes, doutor em planejamento urbano e regional pela UFRJ, há soluções viáveis sem necessidade de grandes remanejamentos das populações: "precisa voltar a ter um programa federal de provisão de infraestrutura, água, esgoto, drenagem e de produção de moradia e organização de favelas. Muito mais barato, remover é muito caro".
O Ministério da Cidadania informou que os dados não são de responsabilidade da pasta. Sobre o caso da personagem citada na matéria, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas do Pará informou que as obras na área do curtume estão em execução.
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