Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo condena ataques a jornalistas
Imprensa tem sido impedida de cobrir manifestações e atos organizados por apoiadores de Jair Bolsonaro
SBT News
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota nesta 4ª feira (02.nov) condenando os ataques sofridos por diversos profissionais de imprensa, entre repórteres, cinegrafistas e fotógrafos, que atuam na cobertura de atos e manifestações organizadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em várias partes do país.
Os profissionais têm denunciado hostilização e ataques que buscam impedir o trabalho da equipe. Em diferentes cidades, manifestantes estão bloqueando rodovias desde a última 2ª feira (31.out) como protesto pelo resultado das urnas no segundo turno da eleições, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo presidente.
Além da hostilização, os manifestantes tentam impedir que os profissionais realizem as entradas ao vivo. Entre as estratégias utilizadas, eles tentam puxar o microfone do repórter e tapar a lente da câmera, segundo relatos da Abraji.
Na nota, a entidade afirma que "os episódios são um reflexo da escalada de violência contra jornalistas que tem sido estimulada pelo presidente desde o início de seu governo e configuram desrespeito aos direitos fundamentais de liberdade de expressão e de imprensa, garantidos pela Constituição Federal".
A Abraji pede ainda que as autoridades públicas e agentes de segurança tomem ações urgentes para garantir condições seguras para o exercício do jornalismo, especialmente no contexto das manifestações e bloqueios. A associação frisa que os episódios gera "graves consequências para a população em geral ao restringir direito de acesso à informação de interesse público".
Ataques
Nesta 4ª feira (2.nov), uma esquipe do SBT do Rio Grande do Sul foi hostilizada no Centro de Porto Alegre. O repórter Lucas Abati e o cinegrafista Cristiano Mazoni estavam ao vivo no SBT Rio Grande, quando foram cercados e obrigados a sair do local. Quatro equipes de reportagem da Band relataram à Abraji que também foram atacadas nesta 4ª em diferentes localidades de São Paulo, Recife e Porto Alegre.
Nesta 3ª feira (1.nov) um episódio de ataque contra outra equipe da Band também teria acontecido em Cascavel, no Paraná.
Também nesta 3ª, em Divinópolis, Minas Gerais, cinegrafista e repórter foram expulsos com empurrões e em meio a ataques como os que diziam que a dupla deveria ir para Cuba, Venezuela e Nicarágua. No município de Limeira, São Paulo, um fotógrafo freelancer e um repórter da Rádio Educadora da cidade foram expulsos à base de empurrões e xingamentos durante a cobertura dos bloqueios na cidade. Duas equipes de reportagem da TVCI na cidade de Paranaguá, no litoral do Paraná também foram alvos da hostilização de manifestantes que tentaram impedir o trabalho dos profissionais.