Taxa de emissão de gases de efeito estufa registra maior alta em 19 anos
Desmatamento e atividades industriais lideram envio de CO2 para atmosfera
A taxa de emissão de gases de efeito estufa do Brasil registrou a maior alta em 19 anos. Segundo dados do Observatório do Clima, divulgados nesta 3ª feira (1º.nov), no ano passado, o país emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico (CO2), cifra que representa uma alta de 12,2% em relação a 2020 (2,16 bilhões de toneladas).
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Assim como verificado em 2003, as emissões por desmatamento foram as principais responsáveis pela elevação da taxa (49%). Impulsionadas pelo terceiro ano seguido de crescimento da área desmatada nos biomas, as emissões por mudança de uso da terra e florestas tiveram alta de 18,5%, totalizando 1,19 bilhão de toneladas.
"A taxa de desmatamento em 2021 na Amazônia Legal foi de 13.038 km², a maior desde 2006, quando o desmatamento estava em franco decréscimo desde os 27.772 km² vistos em 2004. Isso demonstra que o aumento das emissões atualmente está refletindo esse retrocesso nos padrões de desmatamento", comenta a pesquisadora Bárbara Zimbres.
O setor de energia e indústria também foi responsável pelo aumento das emissões. No Brasil, o segmento emitiu 435 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2021 contra 387 milhões em 2020. O cenário aconteceu em meio à alta significativa do consumo de energia, após forte queda durante a pandemia de covid-19.
A agropecuária, por sua vez, teve as maiores emissões da série histórica: 601 milhões de toneladas, contra 579 milhões em 2020. Se fosse um país, o agro brasileiro seria o 16º maior emissor do planeta, à frente da África do Sul. A pecuária - em especial o metano emitido pelos arrotos do rebanho bovino - é a principal fonte, com 79,4% das emissões do setor, enquanto na agricultura responde por 13,8%.
Para Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), o estudo mostra que o Brasil teve uma década perdida para controlar a poluição climática.
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"Desde a regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em 2010, nós estamos patinando. Temos as ferramentas de política pública, a tecnologia e os recursos para mudar sua trajetória, mas é preciso que o governo e a sociedade entendam que isso é fundamental para dar segurança à população em tempos de eventos extremos acelerados e também para alavancar a economia", diz.