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Endometriose: entenda o que é a doença diagnosticada em Larissa Manoela

Uma em cada dez brasileiras apresentam quadro de endometriose, segundo o Ministério da Saúde

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Larissa Manoela
• Atualizado em
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O anúncio da atriz Larissa Manoela de seu diagnóstico de endometriose reacendeu, nesta 3ª feira (20.set), o debate a respeito do diagnóstico e tratamento da doença que, segundo o Ministério da Saúde, atinge uma em cada dez brasileiras.

"Não é fácil ser mulher. O diagnóstico positivo assusta, e confesso dar uma desestabilizada", desabafou a artista, que também descobriu sofrer da síndrome do ovário policístico, em seu perfil nas redes sociais.


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A notícia sobre o quadro da atriz ganhou repercussão pouco mais de 2 meses depois de uma outra estrela pop também levantar a discussão sobre o tema. Em julho deste ano, a cantora Anitta revelou sofrer com os sintomas da endometriose há pelo menos 9 anos, e criticou a forma como a doença é tratada como um tabu.

"Eles diziam que a higiene era muito importante. O uso de preservativo. Urinar após a relação. Beber muita água. E outras coisinhas que eu, nos meus 9 anos de sofrimento, já estava cansada de escutar", contou Anitta em uma rede social.
 


Na época, a artista revelou que precisaria ser submetida a uma cirurgia para remover focos da doença, e defendeu mais educação sobre o tema. "Fica aqui meu apelo por mais informações para as mulheres. Mais acesso, mais interesse geral em cuidar do corpo feminino, para que a gente possa ser livre, e conseguir se cuidar".


Endometriose: sintomas, diagnóstico e tratamento

A endometriose é uma doença ginecológica crônica e benigna, que afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, sendo mais frequente na faixa etária entre 25 e 35 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 180 milhões de mulheres lidam com quadros leves ou severos de endometriose, sendo que, destas, 7 milhões são brasileiras.

A doença é causada por uma inflamação ou lesão decorrente do acúmulo das células que recobrem a parte interna do útero, o endométrio, e que são naturalmente eliminadas com a menstruação. Desta forma, sem serem expelidas junto com o fluxo menstrual, essas células endométricas se depositam na parte externa da cavidade uterina, podendo atingir órgãos como a bexiga, ovários, tubas uterinas, apêndice e intestino.

Em casos graves, esse tecido acumulado pode ainda originar nódulos que, se não forem tratados ou removidos cirurgicamente, tendem a afetar o funcionamento dos órgãos. Há ainda quadros raros em que as células endometriais aparecem em regiões distantes do aparelho reprodutor, como pulmão, cérebro e até nos olhos.
 

Como identificar a doença?

Caracterizada, principalmente, pela incidência de cólicas menstruais moderadas a intensas, a endometriose é considerada uma doença silenciosa. Um relatório da comissão nacional da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), publicado em 2019, mostra que a média estimada de tempo entre o início dos primeiros sintomas e o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos.

Além das dores abdominais, a endometriose também pode estar associada, segundo a Febrasgo, aos seguintes sintomas: alterações intestinas cíclicas (constipação e dores na hora de evacuar), inchaço na região abdominal, incontinência urinária, desconforto durante relações sexuais e, em alguns casos, infertilidade.

O diagnóstico da doença depende de pelo menos três exames: o ultrassom pélvico e transvaginal, com preparo prévio específico para detecção de endometriose, e a ressonância magnética. Já a videolaparoscopia é indicada apenas para casos de pacientes sintomáticos, porém com exames normais, e de falhas no tratamento clínico.
 

Endometriose tem cura?

O tratamento, por sua vez, é na maioria das vezes feito por meio de medicamentos que têm como objetivo atenuar os sintomas da endometriose e melhorar a qualidade de vida da mulher, "não se esperando a diminuição das lesões ou a cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico", conforme ressalta a Febrasgo, em seu relatório.

Ou seja, não há cura, mas há cuidados que ajudam a amenizar os efeitos da doença. Uma delas é agir no processo que está diretamente ligada à natureza do problema: a formação do endométrio no período fértil.

Por isso, normalmente são prescritas substâncias que bloqueiam a ovulação, os anticoncepcionais hormonais, sendo mais comum as pílulas, DIUs (Dispositivos Intra-Uterinos) e implantes de levonorgestrel. Pode-se ainda receitar compostos de acetato de norentindrona, acetato de medroxiprogesterona, desogestrel, dienogeste e etonogestrel. Associado a esses medicamentos, os médicos costumam ainda receitar anti-inflamatórios e analgésicos, para controle da dor.

Em casos de endometriose profunda, isto é, quando os focos da doença invadem os tecidos dos órgãos por mais de 5 milímetros, é indicada intervenção cirúrgica, por meio do método de videolaparoscopia.

O protocolo de tratamento da endometriose, de acordo com a Febrasgo, também prevê o método para quadros em que o objetivo é "a remoção completa de todos os focos da endometriose, de modo a restaurar a anatomia do aparelho reprodutivo e preservar a função reprodutiva", como foi o caso da cantora Anitta, conforme explicou o programa de variedades do SBT, Fofocalizando, à época
 


É possível tratar pelo SUS?

O atendimento para diagnóstico da endometriose é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) via atenção primária nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), segundo o Ministério da Saúde. O SUS também  disponibiliza às pacientes ambos os métodos de tratamento, clínico e cirúrgico.

Ainda conforme informações da pasta, desde 2016, as secretarias de Saúde dos estados, municípios e do Distrito Federal devem oferecer os tratamentos médicos estabelecidos no "Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Endometriose", publicado pelo Governo Federal no mesmo ano. O documento prevê critérios de diagnóstico e de tratamento da doença, bem como mecanismos de regulação, controle e avaliação dos quadros em todo o país.

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