Endometriose: entenda o que é a doença diagnosticada em Larissa Manoela
Uma em cada dez brasileiras apresentam quadro de endometriose, segundo o Ministério da Saúde
O anúncio da atriz Larissa Manoela de seu diagnóstico de endometriose reacendeu, nesta 3ª feira (20.set), o debate a respeito do diagnóstico e tratamento da doença que, segundo o Ministério da Saúde, atinge uma em cada dez brasileiras.
"Não é fácil ser mulher. O diagnóstico positivo assusta, e confesso dar uma desestabilizada", desabafou a artista, que também descobriu sofrer da síndrome do ovário policístico, em seu perfil nas redes sociais.
Ontem através de um ultrassom detalhado eu descobri que além de endometriose eu tenho também ovário policístico. Não é fácil ser mulher. O diagnóstico positivo assusta e confesso dar uma desestabilizada. Mas tô certa de que vou encontrar o melhor tratamento pra ambas as doenças!
? Larissa Manoela ? (@larimanoela) September 20, 2022
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A notícia sobre o quadro da atriz ganhou repercussão pouco mais de 2 meses depois de uma outra estrela pop também levantar a discussão sobre o tema. Em julho deste ano, a cantora Anitta revelou sofrer com os sintomas da endometriose há pelo menos 9 anos, e criticou a forma como a doença é tratada como um tabu.
"Eles diziam que a higiene era muito importante. O uso de preservativo. Urinar após a relação. Beber muita água. E outras coisinhas que eu, nos meus 9 anos de sofrimento, já estava cansada de escutar", contou Anitta em uma rede social.
Pesquisem, galera. A endometriose é muito comum entre as mulheres. Tem vários efeitos colaterais, em cada corpo de um jeito. Podem se estender até a bexiga e causar dores terríveis ao urinar. Existem varios tratamentos. O meu terá que ser cirurgia.
? Anitta (@Anitta) July 8, 2022
Na época, a artista revelou que precisaria ser submetida a uma cirurgia para remover focos da doença, e defendeu mais educação sobre o tema. "Fica aqui meu apelo por mais informações para as mulheres. Mais acesso, mais interesse geral em cuidar do corpo feminino, para que a gente possa ser livre, e conseguir se cuidar".
Endometriose: sintomas, diagnóstico e tratamento
A endometriose é uma doença ginecológica crônica e benigna, que afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, sendo mais frequente na faixa etária entre 25 e 35 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 180 milhões de mulheres lidam com quadros leves ou severos de endometriose, sendo que, destas, 7 milhões são brasileiras.
A doença é causada por uma inflamação ou lesão decorrente do acúmulo das células que recobrem a parte interna do útero, o endométrio, e que são naturalmente eliminadas com a menstruação. Desta forma, sem serem expelidas junto com o fluxo menstrual, essas células endométricas se depositam na parte externa da cavidade uterina, podendo atingir órgãos como a bexiga, ovários, tubas uterinas, apêndice e intestino.
Em casos graves, esse tecido acumulado pode ainda originar nódulos que, se não forem tratados ou removidos cirurgicamente, tendem a afetar o funcionamento dos órgãos. Há ainda quadros raros em que as células endometriais aparecem em regiões distantes do aparelho reprodutor, como pulmão, cérebro e até nos olhos.
Como identificar a doença?
Caracterizada, principalmente, pela incidência de cólicas menstruais moderadas a intensas, a endometriose é considerada uma doença silenciosa. Um relatório da comissão nacional da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), publicado em 2019, mostra que a média estimada de tempo entre o início dos primeiros sintomas e o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos.
Além das dores abdominais, a endometriose também pode estar associada, segundo a Febrasgo, aos seguintes sintomas: alterações intestinas cíclicas (constipação e dores na hora de evacuar), inchaço na região abdominal, incontinência urinária, desconforto durante relações sexuais e, em alguns casos, infertilidade.
O diagnóstico da doença depende de pelo menos três exames: o ultrassom pélvico e transvaginal, com preparo prévio específico para detecção de endometriose, e a ressonância magnética. Já a videolaparoscopia é indicada apenas para casos de pacientes sintomáticos, porém com exames normais, e de falhas no tratamento clínico.
Endometriose tem cura?
O tratamento, por sua vez, é na maioria das vezes feito por meio de medicamentos que têm como objetivo atenuar os sintomas da endometriose e melhorar a qualidade de vida da mulher, "não se esperando a diminuição das lesões ou a cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico", conforme ressalta a Febrasgo, em seu relatório.
Ou seja, não há cura, mas há cuidados que ajudam a amenizar os efeitos da doença. Uma delas é agir no processo que está diretamente ligada à natureza do problema: a formação do endométrio no período fértil.
Por isso, normalmente são prescritas substâncias que bloqueiam a ovulação, os anticoncepcionais hormonais, sendo mais comum as pílulas, DIUs (Dispositivos Intra-Uterinos) e implantes de levonorgestrel. Pode-se ainda receitar compostos de acetato de norentindrona, acetato de medroxiprogesterona, desogestrel, dienogeste e etonogestrel. Associado a esses medicamentos, os médicos costumam ainda receitar anti-inflamatórios e analgésicos, para controle da dor.
Em casos de endometriose profunda, isto é, quando os focos da doença invadem os tecidos dos órgãos por mais de 5 milímetros, é indicada intervenção cirúrgica, por meio do método de videolaparoscopia.
O protocolo de tratamento da endometriose, de acordo com a Febrasgo, também prevê o método para quadros em que o objetivo é "a remoção completa de todos os focos da endometriose, de modo a restaurar a anatomia do aparelho reprodutivo e preservar a função reprodutiva", como foi o caso da cantora Anitta, conforme explicou o programa de variedades do SBT, Fofocalizando, à época
O que é a endometriose, doença que fará Anitta passar por cirurgia? Entenda! ? #FofocalizandoNoSBT pic.twitter.com/iKXPsYydfy
? Fofocalizando (@pfofocalizando) July 8, 2022
É possível tratar pelo SUS?
O atendimento para diagnóstico da endometriose é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) via atenção primária nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), segundo o Ministério da Saúde. O SUS também disponibiliza às pacientes ambos os métodos de tratamento, clínico e cirúrgico.
Ainda conforme informações da pasta, desde 2016, as secretarias de Saúde dos estados, municípios e do Distrito Federal devem oferecer os tratamentos médicos estabelecidos no "Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Endometriose", publicado pelo Governo Federal no mesmo ano. O documento prevê critérios de diagnóstico e de tratamento da doença, bem como mecanismos de regulação, controle e avaliação dos quadros em todo o país.
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