Maioria das violações contra idosos acontece na casa onde eles residem
Mais de 30 mil denúncias de violência contra idosos foram registradas no primeiro semestre
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Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) mostram que mais de 35 mil denúncias de violações de direitos humanos contra pessoas idosas foram registradas no primeiro semestre de 2022.
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Destas denúncias, mais de 87% (30.722) são referentes a violações que aconteceram na casa onde os idosos residem, sendo 16 mil delas na residência onde moram a vítima e também o suspeito, que na maioria das vezes é o filho.
Para a juíza Monize Marques, coordenadora da Central Judicial do Idoso (CJI) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o "ambiente familiar é um local bastante sensível".
"Normalmente é onde recai o cuidado da pessoa idosa com a ampliação de custos, a reorganização de rotinas e o desafio de lidar com eventuais doenças. Por isso, mesmo havendo amor, a família pode se encontrar vulnerável e se tornar uma violadora de direitos. Assim, a principal ferramenta de proteção é o conhecimento, pois se preparar para o envelhecimento pessoal ou de familiares dignificará o processo", diz a juíza.
Monize aponta ainda que "o principal motivo é associar o envelhecimento a algo negativo, decrépito, limitado e improdutivo. Conhecer as potencialidades dessa faixa etária permite uma convivência intergeracional mais harmônica".
Desde 2020, a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública realiza a Operação Vectus, que tem como objetivo combater crimes de violência contra a pessoa idosa.
Na primeira edição, 13.950 vítimas foram atendidas, com 3.703 inquéritos sendo instaurados pela polícia. As denúncias apuradas foram registradas através do Disque 100 e o 180. Os números da operação de 2022 ainda não foram divulgados.
Um dos obstáculos para a repressão desse tipo de crime é o receio dos idosos em denunciar os próprios filhos, suspeitos em parte considerável dos casos. A juíza Monize Marques afirma que tomar essa atitude não significa cortar as relações, e inclusive pode melhorá-las.
"Até chegar à tipificação de crime, algumas condutas poderiam ter sido repensadas ou evitadas. Por isso, buscar ajuda junto aos setores competentes não é sinal de que a família quer romper laços, mas principalmente uma atitude de quem quer manter a relação e fortalecer vínculos. Quanto antes, melhor", diz a magistrada.
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