Requeijão e frango empanado tem resíduos de agrotóxicos, aponta Idec
Entre os químicos encontrados está o glifosato, um cancerígeno, segundo a ONU
Pablo Valler
Até os ultraprocessados, aqueles alimentos que passam por linhas de produção e recebem diversos tratamentos de sanitização e conservação, apresentam resquícios de agrotóxicos utilizados nas lavouras. Pior, até um produto de origem animal pode ter, conforme análise me laboratório feita em laboratório a pedido do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
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"A gente tinha dúvida se um animal poderai acumular esses resíduos químicos comendo a ração a base de milho e soja. Descobrimos que sim", constatou o coordenador do Programa de Consumo Sustentável do Idec, Rafael Arantes.
Entre 24 produtos examinados, 14 apresentaram resíduos químicos. O que torna essa descoberta ainda mais grave. Pois mesmo em um trabalho de abrangência limitada, mais da metade tem problema.
Entre os produtos analisados há quatro marcas de pedaços empanados de frango. Duas delas com o problema. Aliás, com três agrotóxicos identificados. Há também três marcas de requeijão. Duas contamidas com cinco agrotóxicos diferentes. Um deles é o glifosato, um cancerígeno, conforme estudos da Organização das Nações Unidas (ONU).
A novidade, quando levada por nossa equipe de reportagem a um supermercado da zona oeste de São Paulo, surpreendeu a maioria dos clientes.
A Marisa de Paula, uma aposentada que atualmente se dedica aos afazeres do lar, incluindo mimar alimentando bem os netos que a visitam, ficou preocupada. "Preocupada? Muito, muito, muito. Se eu pudesse faria uma horta, plantava tudo para servir aos meus familiares"
A questão é que não adianta só plantar. A não ser que você seja vegetariano ou vegano. Nesse caso, com os animais, teria que criar, abater, processar, embalar. Todo mundo ter essa estrutura em casa fica impossível, certo?
A solução estaria em um acompanhamento maior dos órgãos responsáveis, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"A gente precisa que nossas agências monitorem e a partir disso a gente pode também tomar as decisões baseadas nos dados, nas evidências, e criar normas e leis que nos assegurem o uso dos agrotóxicos, para diminuir o que vem sendo aplicado", avaliou o representante do Idec.
Enquanto isso não acontece, o consumidor se sente como um refém das indústrias, como disse a educadora, Lilian Marciano: "realmente, a única opção que a gente tem é na política. A gente precisa de mudanças sérias. Por que a gente tem aqui agrotóxicos que são proibidos em outros países"?