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Brasil

Representantes de embaixadas citam constrangimento após encontro com Bolsonaro

Presidente conseguiu reunir metade do número de embaixadores que planejava

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Representantes de embaixadas e consulados que participaram do encontro de pouco mais de um hora com o presidente Jair Bolsonaro na tarde desta 2ª feira (18.jul) deixaram o Palácio da Alvorada constrangidos com as declarações, em um evento classificado pelo cerimonial do Planalto como "missão diplomática". A maioria conversou com os jornalistas depois do encontro, na condição de anonimato, e classificou o material apresentado por Bolsonaro como sendo de pouca qualidade técnica e sem embasamento legal. 

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Os slides que o presidente apresentou em um telão tinham vários erros de tradução, o que chamou a atenção. Mas não foi o que mais preocupou os representantes estrangeiros. Alguns disseram estar assustados com a ofensiva do mandatário. Por mais que eles tivessem sido avisados que Bolsonaro colocaria em dúvida o sistema de votação brasileiro, até a reunião começar, não imaginavam que o presidente iria, de fato, questionar o papel da Corte eleitoral e de outras instituições do país diante da comunidade internacional.

O embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, se manifestou pelas redes sociais. Depois de deixar o Palácio da Alvorada, Lazzeri frisou que o encontro se tratava de uma agenda com chefes de missão diplomática, e desejou que, no ano do bicentenário da Independência do Brasil, o povo brasileiro possa fazer das próximas eleições mais um capítulo da celebração da democracia e das instituições. 

O embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, de quem Bolsonaro se aproximou em 2021 quando o Brasil pediu o apoio do país asiático para a compra de vacinas contra a covid-19, evitou polemizar e resumiu a participação dele ao SBT News como mais uma oportunidade de se aproximar do presidente brasileiro. 

Reservadamente, os representantes dos países classificaram como inaceitável a tentativa de Bolsonaro de transformar em palanque de campanha um evento oficial com a diplomacia estrangeira. Nem o Palácio nem o Itamaraty divulgaram a lista com todos os países convidados. No entanto, o SBT News apurou que foram cerca de 60 representantes estrangeiros, entre eles, de Portugal, Estados Unidos, Irlanda, Japão e Egito. Outros ficaram de fora. Caso da Embaixada do Reino Unido, que não recebeu o convite para o encontro.

O quórum da reunião com os estrangeiros ficou abaixo do que Bolsonaro vinha anunciado nas últimas semanas, quando chegou a afirmar que convidaria 150 países. No domingo (17.jul), em entrevista a jornalistas, o presidente recuou e disse que esperava pelo menos 40 representantes de embaixadas e consulados estrangeiros. O presidente insistiu na agenda com os outros países depois que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, teve encontro com 68 embaixadores e pediu que eles reconheçam o resultado do pleito de outubro assim que o resultado for divulgado pela Corte eleitoral. 

O Itamaraty foi voto vencido porque sempre orientou o Planalto a não insistir na reunião por causa da repercussão na comunidade internacional.O ministro Carlos França, das Relações Exteriores, tentou convencer Bolsonaro a recuar, mas o presidente insistiu. Na tarde desta 2ª, França acompanhou o encontro no Alvorada, assim como outros ministros: Ciro Nogueira, da Casa Civil, Paulo Sérgio Nogueira, da Defesa, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.

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