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Jornalismo

Comunidades cariocas dominadas por milícias sofrem com o tráfico de drogas

Levantamento realizado pela Fundação Getulio Vargas entrevistou moradores de quase 200 favelas

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Vista panorâmica de uma favela em morro do Rio de Janeiro
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Um terço das favelas cariocas dominadas por milícias já entrou na atividade do tráfico: a venda de drogas. A conclusão é de um estudo encabeçado pela Fundação Getulio Vargas, que entrevistou moradores de quase duzentas comunidades.

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Em busca de uma vida melhor para a família, um homem mudou de comunidade, mas não encontrou o que queria. "Entre o tráfico e a milícia, a gente não sabe quem é o pior", lamenta o cidadão que, por questões de segurança, não terá a identidade revelada pelo SBT Brasil.

O desabafo do morador reflete uma realidade encontrada em boa parte das favelas cariocas, segundo um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas, em parceria com a Universidade de Chicago e o Instituto Tecnológico de Columbia, nos Estados Unidos.

O estudo analisou o avanço da atividade das milícias nas comunidades do Rio de Janeiro. Uma das conclusões é que a venda de drogas está presente em cerca de um terço das comunidades controladas por esses grupos paramilitares.

Tráfico em favelas cariocas

Os pesquisadores tomaram como base relatos feitos ao disque-denúncia e pediram aos moradores para que respondessem um questionário. O levantamento apontou que a venda de drogas acontece em quase todas (97%) as favelas sob domínio de traficantes, mas também em 31% das áreas de milicianos. Por outro lado, o tráfico avançou em atividades das milícias, explorando serviços como a comercialização de botijões de gás, internet e TV a cabo clandestinas, já no mesmo patamar dos paramilitares.

"Esses grupos, sejam eles milícia ou facções de drogas, estão virando cada vez mais empresas criminais - que a gente começou a chamar", afirma a pesquisadora Joana Monteiro, da FGV. "Na verdade, uma vez que eles controlam aquele território, eles vão extrair todas as rendas ali que eles forem capazes de explorar."

"Sem pagar nada para ninguém, sem ter essa extorsão?"

Para a Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj), a pesquisa mostra claramente que o poder paralelo ocupa lacunas abertas pela ausência do poder público. Segundo o diretor de comunicação da entidade, Derê Gomes, tanto faz milícia ou tráfico. O que os moradores das comunidades cariocas querem é liberdade, e não opressão.

"É um sonho nosso morar num lugar tranquilo, onde nós podemos criar nossos filhos em paz?", questiona um dos tantos moradores de comunidades na cidade do Rio de Janeiro. "Sem pagar nada para ninguém, sem ter essa extorsão?", prossegue o homem, em tom de lamentação.
 

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