Exclusão de mando de crime no AM deixa em alerta delegados experientes
48h depois de descoberta de corpos, PF se apressa em apontar que não há mandante por trás de assassinatos
Leonardo Cavalcanti
Uma nota da Polícia Federal divulgada na manhã desta 6ª feira (17.jun) deixou em alerta delegados experientes da Polícia Federal. Em menos de 48h da descoberta dos restos mortais do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, o Comitê de Crise, formado por forças de segurança e coordenado pela PF, diz que investigações "apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito".
A pressa em descartar uma linha de investigação, a do mandante, em uma região onde atividades criminosas convergem é vista com desconfiança. Há vários elementos da investigação em aberto, sem laudos fechados. O próprio barco da dupla ainda não foi encontrado, por exemplo. Ainda faltam por exemplo análise formal de confrontos balísticos de armas e munições e, até onde se sabe, eventual resultado de interceptações telefônicas. "É uma pressa desnecessária", disse um delegado ao SBT News.
Leia íntegra da nota:
OPERAÇÃO JAVARI 17/06/2022 Manaus/AM
O Comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal/AM, informa que hoje, 17 de junho, as buscas pela embarcação utilizada por Bruno Pereira e Dom Phillips continuam, contando, inclusive, com o apoio dos indígenas da região e dos integrantes da UNIJAVA. Informa, também, que as investigações prosseguem e há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa. As investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito. Por fim, esclarece que, com o avanço das diligências, novas prisões poderão ocorrer.
Comunicação Social Superintendência Regional de Polícia Federal no Amazonas
O delegado Jorge Pontes, ex-diretor da Policia Federal, publicou uma mensagem no Twitter nesta 6ª feira criticando a conclusão que excluiu o crime de mando das investigações. "Como pode, nesse estágio, a PF concluir cabalmente se houve mandante ou não, se ainda não ouviu e nem chegou a todos os envolvidos no crime? A nota é precipitada. Melhor não ser categórico em relação a mandante ou conexões. Prudente dizer apenas que as investigações prosseguem."