Violência escolar aumentou 46% nos últimos 3 meses em São Paulo
Foram mais de 5 mil ocorrências registradas em escolas do estado só neste ano
SBT Brasil
Os casos de violência escolar aumentaram 46% nos três primeiros meses deste ano, no estado de São Paulo. Segundo levantamento da Secretaria Estadual da Educação, foram registradas 5.737 ocorrências de agressões envolvendo estudantes e professores entre janeiro e março. No mesmo período do ano passado, o número foi bem menor: 3.937.
São cerca de 63 episódios de violência por dia, nas escolas do estado. Para quem trabalha com educação, um realidade que se intensificou nesse período pós-isolamento social, como um reflexo do que a pandemia provocou das salas de aula para fora.
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Uma professora, que prefere não ser identificada, leciona há 15 anos, e diz nunca ter testemunhado tamanho descontrole dos alunos. "Aluno tendo crise de ansiedade, com falta de ar. A gente teve muito problema de aluno que perdeu pai, perdeu mãe, pai que perdeu o emprego, briga dentro de casa, a questão do alcoolismo, então acho que tudo isso reflete no aluno, e esse comportamento, esse sentimento ficou ali reprimido, e hoje ele acaba externalizando na escola", conta a educadora.
O líder de relações governamentais do 'Todos pela Educação', Lucas Hoogerbrugge, concorda com a professora, e ressalta que a pandemia deixou cicatrizes difíceis de serem curadas no psicológico de muitos estudantes. "A escola não está apartada da sociedade e vice-versa, né? Dois anos de pandemia, redução de oportunidades, aumento de desemprego, crise econômica de forma geral, que levou a uma queda da renda muito grande, você acaba tendo, muitas vezes, um comportamento que leva para um aumento desses indicadores de comportamento de risco que a gente vê entre os jovens", explica Hoogerbrugge.
Uma pesquisa do 'Todos pela Educação', feita com 3.860 pessoas, mostra que 4 em cada 10 entrevistados consideram que a violência diminuiria no país se a educação fosse prioridade. "Hoje, o Brasil paga por deixar de ter priorizado a educação no passado. A escola acaba servindo como um papel de desenvolvimento integral do jovem, mas também de proteção social", conclui o líder da ONG.
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