Arthur do Val, o "Mamãe Falei", renuncia ao cargo de deputado estadual
O parlamentar é alvo de processo por quebra de decoro após falas sexistas
O deputado estadual, Arthur do Val, do União Brasil, renunciou ao cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), alegando não ter o direito à ampla defesa e ser vítima de "um processo injusto e arbitrário", disse. Leia a nota do deputado:
"Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições. Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política. Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos".
Arthur do Val é alvo de representações no Conselho de Ética da Alesp que pedem a cassação dele por quebra de decoro parlamentar, após declarações sexistas contra mulheres refugiadas ucranianas. Em áudios trocados com amigos em um grupo de conversas pela internet, o deputado estadual, conhecido como "Mamãe Falei", afirmou que as mulheres ucranianas são "fáceis, porque são pobres".
As gravações circularam pelas redes sociais no início do mês de março. Ao desembarcar após viagem a Ucrânia, Arthur do Val confirmou as declarações e disse que foram feitas em um grupo privado e que não refletem o que ele pensa. "O que falei foi um erro, em um momento de empolgação", se defendeu. Ele foi à Ucrânia para arrecadar doações destinadas à refugiados ucranianos após a invasão da Rússia ao país.
"São fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas 'minas', em dois grupos de 'mina'. É inacreditável a facilidade. Essas 'minas' em São Paulo você dá bom dia e ela ia cuspir na sua cara e aqui são super simpáticas", diz o áudio.
Mesmo deixando o cargo, se o processo de cassação dele for aprovado no plenário da Alesp, ele pode ficar inelegível por oito anos conforme prevê Lei da Ficha Limpa.