Morre Cabo Anselmo, mais famoso agente duplo da ditadura militar
Ele armou uma emboscada onde seis revolucionários foram assassinados, entre eles, a esposa grávida
José Anselmo dos Santos, conhecido como "Cabo" Anselmo, morreu em Jundiaí (SP) na noite da última 3ª feira (15.mar). Ele tinha 80 anos e estava internado por complicações em decorrência de um cálculo renal.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Cabo Anselmo foi o mais famoso agente duplo da ditadura militar. Ele nasceu em Sergipe em 13 de fevereiro de 1942. Órfão de pai, aos 17 anos entrou para a Escola de Aprendizes Marinheiros da Bahia. Nunca chegou efetivamente a patente de cabo.
Filiou-se em 1962 à Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, onde tornou-se presidente. Em 1964, liderou a "Revolta dos Marinheiros" -- como ficou conhecida a resistência dos marinheiros, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, após a ordem de prisão a 12 dirigentes da associação que se posicionaram publicamente a favor do presidente João Goulart.
Anselmo teve os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 1 e pediu asilo à Embaixada do México. Quinze dias depois, saiu para lutar contra o novo regime e foi preso. Após fugir, viajou para o Uruguai e depois para Cuba, onde participou da formação do primeiro núcleo de treinamento de guerrilha da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Após voltar ao Brasil em 1970, trabalhou para a ditadura como um agente infiltrado na VPR, colaborando para a morte e prisão de inúmeros membros. Um ano depois, em Pernambuco, Cabo Anselmo articulou uma falsa reestruturação de um grupo revolucionário para a captura dos integrantes. Na ação, seis pessoas foram assassinadas, entre elas, a esposa de Anselmo, a paraguaia Soledad Barret Viedmaa, que estava grávida.
Em 1973, para protegê-lo de militantes de esquerda, foi submetido a uma cirurgia plástica e recebeu documentos falsos.