Deputado suspeito de mandar sequestrar jornalista tem mandato cassado
Jalser Renier é apontado como mandante do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos
SBT News
O plenário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) cassou por 18 votos favoráveis, em sessão extraordinária nesta 2ª feira (28.fev), o mandato do deputado Jalser Renier, do Solidariedade, por quebra de decoro parlamentar em razão de conduta incompatível com o mandato. O político, no cargo há 27 anos, foi o primeiro deputado estadual a ser cassado na tribuna. Em 2015, ele foi eleito presidente da Assembleia Legislativa.
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Renier é apontado como mandante do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos. Além disso, ele teria tentado atrapalhar as investigações do caso, como apontou um relatório feito pela Comissão de Ética. No dia 23, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa havia aprovado a cassação.
Os deputados Angela Aguida (PP), Aurelina Medeiros (Pode), Betânia Almeida (PV), Catarina Guerra (SD), Coronel Chagas (PRTB), Evangelista Siqueira (PT), Éder Lourinho (PTC), Francisco Mozart (Cidadania), Gabriel Picanço (Republicanos), Jorge Everton (sem partido), Jeferson Alves (PTB), Marcelo Cabral (sem partido), Neto Loureiro (PMB), Nilton Sindpol (Patri), Renato Silva (Prós), Soldado Sampaio (PCdoB), Tayla Peres (PRTB) e Yonny Pedroso (SD) foram favoráveis à perda de mandato de Renier.
Lenir Rodrigues (Cidadania), Diego Coelho (PTC), Odilon Filho (Patri) e Renan (Republicanos) não compareceram à sessão. Jalser Renier também não esteve no local. Jânio Xingu (PSD), que presidiu a sessão, se absteve, alegando que "é do conhecimento de todos que não vota para cassar um colega".
De acordo com o deputado Jorge Everton, relator da comissão que apura a quebra de decoro parlamentar, o dia foi histórico para o Parlamento e para a população de Roraima. "Fizemos um processo legítimo e democrático, obedecendo a todas as ordens judiciais e ao regimento. É um momento para que cada deputado entenda que o mandato parlamentar não o exime dos crimes praticados. Esta Casa não é para desviar dinheiro público, sequestrar jornalistas só porque são contrários ao pensamento", afirmou.
Já segundo o presidente da comissão, o coronel Chagas, Renier "interferiu numa investigação judicial" e o ato, por si só, poderia ser encarado uma quebra de decoro. Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Renier chegou a ser reconduzido à presidência da Assembleia Legislativa às vésperas de ter o mandato cassado. Moraes o havia afastado do cargo em janeiro de 2021, determinando que houvesse uma nova eleição para a Mesa Diretora da Casa. Em 29 de janeiro, Soldado Sampaio (PCdoB) foi eleito para presidir a ALE-RR.
Na 5ª feira (24.fev), por decisão do ministro, Renier reassumiu a presidência da Casa, onde se manteve até a cassação. Na 6ª feira (25.fev) Moraes reconsiderou, ordenando que o processo de cassação fosse retomado.