Apesar de incerteza, setor de turismo projeta forte recuperação
Maior taxa de vacinação contra covid deve impulsionar viagens nacionais e internacionais em 2022
Depois de presenciar queda de 57% no volume total de voos entre 2019 e 2020, o turismo vem se recuperando gradativamente graças ao avanço da vacinação contra a covid e a reabertura das fronteiras nacionais e internacionais. Mesmo com a pandemia ainda em curso e o desafio de contenção dos casos da doença, o setor já registra alta na procura por pacotes de viagens corporativas e de lazer, o que projeta uma recuperação positiva para 2022.
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Segundo o levantamento da empresa Decode, 80% do volume histórico de passageiros de voos domésticos já foi retomado pelas empresas aéreas este ano -- o percentual ainda deve aumentar com a chegada do período de férias escolares. "Estamos com 95% da nossa oferta recuperada dentro do Brasil. Ou seja, a nossa malha na região é praticamente do mesmo tamanho de antes da pandemia. Nossa expectativa é passar dos 100% ainda no primeiro trimestre de 2022", afirma Diogo Elias, diretor de vendas e marketing da Latam Brasil. "Nossa retomada tem sido muito planejada e isso garante ocupações acima de 80%. Para 2022, a nossa expectativa é continuar crescendo e aumentar o nosso portfólio de destinos", completa.
Para o diretor executivo da CVC, Sylvio Ferraz, o turismo nacional voltou com força nos últimos meses, representando cerca de 90% das buscas pelos clientes da agência de viagens. "No terceiro trimestre de 2021, tivemos um crescimento de 99% em receita, aumento de 75% de reservas confirmadas e embarcamos 87% mais passageiros (cerca de 2,45 milhões de pessoas) quando comparado ao trimestre anterior. Isso mostra que a demanda por viagens está crescendo gradativamente e, por isso, a expectativa para este verão é muito alta", pontua.
A busca por destinos internacionais também vem demonstrando uma boa recuperação no setor, principalmente por conta da liberação de entrada em países muito procurados por brasileiros, como Portugal, França e Espanha, na Europa, além de Argentina e Estados Unidos, que antes estavam com as fronteiras fechadas. "Estamos preparados para liderar a retomada do turismo", afirma Ferraz. "A palavra de ordem continuará sendo segurança, por isso é necessário que todo o setor continue priorizando a saúde de todos e seguindo todos os protocolos determinados pelas autoridades."
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Segundo o gerente de comunicação da Booking.com, Luiz Cegato, 2022 será o ano em que as pessoas irão aproveitar ao máximo a imprevisibilidade e realmente começar a compensar o tempo perdido de férias. "Com base num levantamento global realizado em agosto, vimos que o número de viajantes que sentem essa necessidade aumentou em 52% desde o ano passado", diz Cegato. "Além disso, 73% dos viajantes brasileiros disseram que não tinham percebido o quanto as viagens eram importantes para seu bem-estar até elas deixarem de ser uma opção, e 75% afirmaram que vão dizer sim a qualquer oportunidade de férias, desde que o orçamento permita."
Apesar das expectativas positivas, especialistas alertam para o alto número de deslocamentos, principalmente em regiões que sofrem com novos surtos de casos de covid-19. Para a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Tânia Chaves, ainda é tempo de viagens apenas essenciais, uma vez que a pandemia não foi controlada e a circulação do vírus continua em alta, podendo emergir novas cepas, como a variante Ômicron, por exemplo. "A pandemia está em curso. É importante continuar testando, sequenciado e ter uma vigilância laboratorial fundamental para fazer o controle do vírus. A vacinação também é de extrema importância, assim como continuar usando máscara, higienizando as mãos e evitando aglomerações", ressalta.
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Para que não haja uma regressão na contenção da pandemia global, as agências de viagem afirmam estar respeitando todos os protocolos sanitários estipulados pelas autoridades de saúde, bem como os clientes, que estão aderindo como prioridade a limpeza e as medidas de segurança adotadas por hotéis e resorts, além de políticas flexíveis de cancelamento ou alteração de reservas. Segundo um levantamento recente feito pela Booking.com, seis em cada 10 (69%) viajantes brasileiros afirmam que já têm planos para viagens, enquanto 67% disseram que planejam viajar nos próximos três a seis meses.
Poder de compra
Além da pandemia, um outro desafio que pode ser enfrentado pelo setor de turismo é a crise econômica, já que a desvalorização cambial e alta inflação impactam diretamente no poder de compra do brasileiro. O cenário, no entanto, já começa a ser positivo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um recuo de 6,12% nos preços das passagens aéreas em novembro, o que representa um salto animador para o setor depois das altas de 28,19% em setembro, e 33,86% em outubro -- registradas principalmente pelo aumento do combustível.
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Para apoiar os brasileiros que estão retomando seus planos de viagem, as agências começaram a implementar uma série de promoções, pacotes mais acessíveis e outros planos de rotas. Além disso, as empresas estão incluindo novos serviços, como o seguro-viagem com cobertura para covid-19 -- que passou a ser exigido por diversos países -- e a consultoria com parceiros para que os clientes solucionem todas as dúvidas sobre os protocolos e exigência de cada destino.
Segundo Ferraz, a cooperação de todos os governos, autoridades e associações é essencial para que a indústria sobreviva de forma sustentável e consiga recuperar o tempo em que foi fortemente impactada pela crise. "Para se ter ideia, o turismo representava 7,7% do PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil em 2019. Isso é muita coisa. Sem dúvida o setor é um dos grandes aliados da recuperação econômica do país", afirma.
Mercado de trabalho
A recuperação do setor e a maior demanda por viagens poderão ser responsáveis pela abertura de novas vagas de emprego, resultando no aquecimento do mercado de trabalho. Segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), serão contratados 478,1 mil trabalhadores formais entre o final de 2021 e fevereiro de 2022. Deste total, 81,7 mil atenderão a demanda da alta temporada, com vagas temporárias.
Em nota, o Ministério do Turismo afirmou que "o número demonstra o impacto do setor no país e seu potencial de contribuição para a recuperação econômica, a partir da geração de emprego e desenvolvimento". Ainda conforme o levantamento da CNC, os principais profissionais procurados serão recepcionistas, cozinheiros, camareiros, garçons e auxiliares de lavanderia. Em relação aos Estados que devem registrar o maior número de contratações estão: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Diante deste cenário, a projeção é de que as atividades turísticas faturem R$ 171,9 bilhões ao longo da próxima alta temporada.
Confira os destinos mais procurados pelos brasileiros:
Território Nacional
- Praias: Porto de Galinhas (PE), Maragogi (AL), Maceió (AL), Natal e Florianópolis.
- Destinos de natureza: Bonito (MS), Foz do Iguaçu (PR) e Chapada Diamantina (BA).
- Grandes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza.
- Cidades pequenas: Gramado (RS), Paraty (RJ) e Bonito (MS).
- Montanha/Serra: Gramado (RS), Campos do Jordão (SP) e Petrópolis (RJ).
- Destinos com oferta gastronômica: Gramado (RS), Campos do Jordão (SP) e São Paulo.
- Destinos sustentáveis: Caldas Novas (GO), Fortaleza e Arraial do Cabo (RJ).
Território Internacional
- América do Norte: Miami (EUA), Nova York (EUA) e Orlando (EUA).
- América Central: Cancún (MX).
- América do Sul: Buenos Aires.
- Europa: Lisboa, Paris e Madri.