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Brasil

Comércio digital tem crescimento inédito e ascensão tende a continuar

Falta de profissionais qualificados é obstáculo que empresas especializadas buscam superar

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E-commerce | Unsplash
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De forma nunca vista antes, as empresas voltadas ao desenvolvimento de alternativas de vendas que utilizam o ambiente online provaram sua relevância para o funcionamento da economia, durante a pandemia do novo coronavírus. Devido à adoção de medidas restritivas para conter o avanço da covid-19, com o objetivo de manter os negócios na ativa, muitos empresários tiveram que recorrer ao digital commerce. A VTEX Brasil, multinacional brasileira desenvolvedora de tecnologia para comércio digital, viu a demanda por seus serviços ter um rápido crescimento de um dia para o outro.

"O consumidor passou a utilizar muitas vezes por falta de opção, ou por ser a única opção, o digital commerce. Principalmente no seguimento de comida, farmácia, pet, cosméticos. Eles começaram a consumir muito até mesmo porque são coisas que não pode parar de consumir e não foi à toa que, neste período, o Brasil ganhou cerca de 10 milhões de novos consumidores.

Ao mesmo tempo do outro lado, o empresário que via muitas vezes a solução digital sem tanto protagonismo no seu negócio passou a entender que, também por falta de opção, ele teve que colocar em prática essa modalidade e efetivamente trazer para dentro da companhia esses tipos de iniciativas", afirma o presidente da VTEX Brasil, Rafa Forte.

Por outro lado, ele avalia que a penetração do digital commerce no país ainda é "muito baixa", ficando em cerca de 6% do faturamento do varejo da indústria, e, com os consumidores e empresários tendo gostado das soluções online, a tendência é que sejam cada vez mais requisitadas.

Para atender novas demandas, entretanto, as companhias especializadas, como a VTEX Brasil, precisarão lidar com ao menos um obstáculo: a falta de profissionais qualificados. A empresa presidida por Rafa Forte ofereceu 10 mil bolsas de estudos para desenvolvedores e vem ensinando pessoas na prática, visando superar esse problema.

Confira a entrevista na íntegra:

SBT News: Como a VTEX enfrentou o momento difícil da pandemia? 

Rafa Forte: A VTEX é uma empresa que fornece tecnologia para comércio digital, seja de indústria, seja varejo. Quando a gente foca nesse assunto específico da pandemia onde o varejo e a indústria tiveram que cessar seu faturamento, literalmente da noite para o dia, porque as portas das lojas fecharam e os consumidores não podiam sair às ruas, eles tiveram que procurar outras maneiras de continuarem faturando.

A principal maneira ou talvez a primeira que todos pensaram é "a gente precisa efetivamente de uma estratégia digital para poder alavancar esse novo faturamento". E a VTEX, se você me perguntar se a gente estava preparado para isso, acho que ninguém estava preparado para um acontecimento desses mas a gente reagiu muito rápido. 

SBT News: Quais foram as primeiras medida adotadas?

Rafa Forte: A primeira coisa foi compreender o problema de cada um para poder ajudar. Imagina que você tem diversos varejistas que não tinham de onde tirar faturamento, houve realmente uma busca, uma correria muito grande por alternativas e a gente foi procurado como uma das principais soluções e a gente tem até o hoje o dever de ajudar, de apoiar nossos clientes.

A gente cresceu, por um lado, na pandemia por causa disso, por causa da busca de solução digital que é o que a gente fornece, ajudar todas essas empresas a continuarem vendendo de alguma maneira, seja através do computador, aplicativo, WhatsApp e por aí vai. A gente não estava preparado para isso. "O que fez a gente conseguir ajudar todos esses clientes?"

O primeiro foi justamente a gente ter empatia e compreender as necessidades, a segunda, temos pessoas muito bem preparadas em relação ao conhecimento do digital commerce e a terceira foi a gente buscar no mercado pessoas que também tinham esse conhecimento para agregar o nosso time. A demanda foi muito grande, por isso eu digo que a gente não estava preparado mas a gente soube reagir rápido. 

SBT News: As demandas mudaram ou permaneceram as mesmas? Qual o atual cenário do e-commerce no Brasil?

Rafa Forte: Tendo a obrigação de ajudar, a gente buscou pessoas, também especialistas, para compor o nosso time e, ao mesmo tempo, a gente percebeu uma outra coisa: o mercado não tinha e não tem até hoje profissional suficiente para atender a demanda que ainda permanece.

E aí houve dois desafios muito grandes: o primeiro é como contratar rápido pessoas altamente qualificadas e a segunda é como a gente poderia qualificar pessoas de alto potencial mas que não tinham conhecimento no nosso ramo para poder efetivamente ajudar os nossos clientes e aqueles que viriam a se tornar nossos clientes. Uma coisa que a gente percebeu é que muitas empresas, a penetração do digital commerce no Brasil ainda é muito baixa.

É cerca de 6% do faturamento do varejo da indústria total. Então existe um potencial muito grande e essa penetração só não é maior ainda porque muitas empresas ainda não deram a atenção devida, o protagonismo devido para o digital e muitas vezes até tratam o físico e o digital separados, coisa que há muito tempo não tem mais essa distinção. Houve duas coisas muito notáveis na pandemia que estão ligadas ao comportamento tanto do consumidor quanto das empresas que precisavam atender esse consumidor.

A primeira é que o consumidor passou a utilizar muitas vezes por falta de opção ou por ser a única opção o digital commerce. Principalmente no seguimento de comida, farmácia, pet, cosméticos. Eles começaram a consumir muito até mesmo porque são coisas que não pode parar de consumir e não foi à toa que neste período o Brasil ganhou cerca de 10 milhões de novos consumidores.

Ao mesmo tempo do outro lado, o empresário que via muitas vezes a solução digital sem tanto protagonismo no seu negócio passou a entender que também por falta de opção ele teve que colocar em prática essa modalidade e efetivamente trazer para dentro da companhia esses tipos de iniciativas. 

SBT News: Você acha que o e-commerce vai voltar ao o que era, vai permanecer como está ou ainda tem espaço para crescer?

Rafa Forte: Os números mostram que não volta mais ao o que era. Ele cresceu, ficou e tem muito espaço pra crescer. A penetração do digital commerce no Brasil que está em torno de 6% é muito baixa quando a gente compara com outras regiões. 

O nosso mercado ainda existe um potencial muito grande de digitalização e o consumidor gostou de comprar online. A gente teve cerca de 10 milhões novos consumidores que nunca haviam comprado antes e experimentaram pela primeira vez.

Do outro lado, a gente também teve muitos empresários que experimentaram o digital pela primeira vez e outros que já tinham o digital mas colocaram cada vez mais foco e fizeram com que o faturamento dessa iniciativa tivesse uma representatividade maior perante o faturamento total da companhia, isso mostra que não tem mais volta. Isso mostra também o quanto o mercado, tanto o consumidor quanto o vendedor, entendeu que também o físico e o digital não são  coisas diferentes. São uma coisa única. 

SBT News: No que é necessário investir para ter um comércio online efetivo?

Rafa Forte: Não existe um curso de formação de digital commerce, uma faculdade, um MBA, então, a VTEX assumiu uma responsabilidade de liderar iniciativas de qualificação do profissional de digital commerce que é a nossa atividade e que é a nossa profissão. Quando a gente fala de um skill, uma habilidade que as pessoas precisam, elas precisam ter conhecimento de varejo, conhecimento matemático, conhecimento de tecnologia, conhecimento de negócios, sobretudo.

É muito comum as pessoas acharem que digital commerce é só tecnologia, não, se você só focar em tecnologia, não vai ser um sucesso, você precisa ter conhecimento de negócios. Existem uma série de habilidades, uma série de conhecimentos que precisam ser estudados.

A VTEX está sempre de olho e buscando as pessoas que tem conhecimento prático do seguimento de digital commerce. Não é à toa que hoje, dos nossos 1.700 colaboradores no mundo, metade são engenheiros de software, resumidamente, e outra metade são pessoas de negócio. E por que isso? Porque o software nada mais é do que o conhecimento das pessoas de negócio traduzido em serviço. O software foi a força que a gente encontrou de escalar o nosso conhecimento para o mercado.

Aí a gente busca as pessoas que tem muito conhecimento mas ainda não são suficientes para atender a demanda que está se formando. Então, a gente procura trazer pessoas que tenham alto potencial, que querem conhecer o digital commerce e a gente ensina na prática como atuar no dia a dia, seja com a visão de negócios, seja com a tecnologia.

SBT News: Como está o mercado de trabalho no e-commerce?

Rafa Forte: O Brasil tem uma escassez profissional, tanto de tecnologia quanto de negócios. Até mesmo de conhecimentos básicos de matemática, de inglês, conhecimentos necessários para poder avançar nessa frente e a gente precisa formar. Os que a gente tem, principalmente com a pandemia onde houve a quebra da barreira geográfica, muitos dos talentos brasileiros estão sendo recrutados por empresas do exterior e deixando de trabalhar para as empresas locais.

Por que? Por causa da desvalorização da nossa moeda, então eles não precisam sair do Brasil mas passam a receber em dólar, em euro, trabalhando para empresas de fora. Então, além de ter uma escassez de profissional, os nossos talentos estamos perdendo para fora. Aí eu faço um convite, principalmente à iniciativa privada, que compre essa ideia de a gente formar nossos talentos locais.

Nós, recentemente, criamos um programa onde a gente concedeu 10 mil bolsas de estudos para desenvolvedores, não somente capacitando eles no conhecimento do desenvolvimento mas também nos softs skills e hards skills necessários para desenvolver bem essa frente. 

A gente tem dentro de casa um programa onde a gente traz jovens de alto potencial para durante dois, três anos passarem por todas as frentes do digital commerce para conhecerem e ganharem conhecimento necessário para poder devolver esse conhecimento para o mercado, que é o nosso grande diferencial.

Então, se todas as empresas, e eu vejo que muitas estão indo nesse caminho, se unirem para poder fortalecer essa frente a gente vai conseguir um Brasil muito melhor e o profissional brasileiro é altamente reconhecido no mundo inteiro, pela sua criatividade, pela sua competência, pela entrega do seu trabalho, e a gente precisa formar cada vez mais profissionais como esse. 

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