Vaticano determina que colégios dos Arautos do Evangelho sejam fechados
Erramos: Cardeal João Aviz orienta que jovens sejam enviados para os pais; colégios não serao fechados. Associação contesta reportagem.
Erramos: Ao contrário do informado pelo SBT News, o Vaticano determinou que os alunos deixem o internato e voltem para o convívio de suas famílias. A reportagem errou ao afirmar que os colégios seriam fechados. A carta do cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congreção, orienta que os menores de idade devem ser confiados aos pais.
Pedido de direito de resposta
A Associação Arautos do Evangelho do Brasil diz que os colégios citados não eram internatos e contesta outros trechos da reportagem. Sobre a determinação do Cardeal João Aviz, a associação alega que "tal determinação nunca ocorreu e nem é cabível legalmente a nenhuma autoridade eclesiática o fechamento de colégios. Esta prerrogativa é de atribuição de órgãos vinculados ao Ministério da Educação, secretárias estaduais ou municipais de Educação, após o devido processo legal. Não houve determinação oriunda nesse sentido, inclusive os citados colégios nunca foram internatos. Tal determinação não caberia a nenhuma autoridade eclesiática, pois a decisão de hospedagem ou residência cabe aos pais ou responsáveis legais pelos menores." Ainda diz que a decisão do cardeal está sendo contestada no ambiente canônico. A entidade religiosa afirma também que a investigação do Ministério Público teria sido encerrada e arquivada em 26 de agosto de 2021.
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O Vaticano determinou que os colégios do grupo Arautos do Evangelho, que segue uma rotina de princípios ultraconservadores, sejam fechados após a conclusão deste ano letivo. A ordem foi enviada em um documento de 22 de junho, assinado pelo cardeal João Braz de Aviz.
A carta foi endereçada ao cardeal Raymundo Damasceno Assis, nomeado pelo Papa Francisco como interventor para os Arautos do Evangelho. Entre os motivos citados para o encerramento das atividades dos colégios estão "numerosas comunicações aqui [Vaticano] enviadas pelos pais das crianças e jovens inseridos na órbita da Associação Arautos do Evangelho, nas quais se lamentam que as famílias de origem são, na maioria das vezes, excluídas das vidas dos seus filhos".
O documento classifica ainda a disciplina aplicada pelo grupo como "excessivamente rígida". A comunidade dos Arautos do Evangelho foi fundada em 1999 e tem cerca de 3 mil pessoas no Brasil. Em 2019, SBT Brasil exibiu reportagem com denúncias de abusos físicos, psicológicos e cárcere privado, que teriam sido cometidos contra jovens dentro das instituições. No mesmo ano, o Ministério Público passou a investigar o caso.
Para a assistente social e ativista dos direitos humanos Solange Massari, integrante do Grupo Tortura Nunca Mais, a decisão do Vaticano é "uma grande vitória". "E agora temos que monitorar de alguma forma para que cumpram a determinação e que as crianças e adolescentes saiam a salvo sem maiores prejuízos", completou.
Ex-secretária-executiva do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe-SP), ela acompanha as denúncias desde 2019 e explica que, após investigação - com entrevistas e coleta de materiais -, foi elaborado um dossiê de quase 700 páginas sobre os ocorridos. "É uma grande alegria ver o resultado deste trabalho e ouvir o choro de mães hoje, mas choro de alívio", pontuou.
Veja a carta assinada pelo cardeal na íntegra: