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Hemocentros enfrentam estoque abaixo do normal mesmo com mês de campanha

Centros de coleta registraram queda de 20% nas doações de sangue por conta da pandemia

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Em 2020 foram registradas 2.656.660 coletas, número 9,88% menor do que no mesmo período de 2019 | Fernando Frazão/Agência Brasil
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Segundo o governo federal, 16 a cada 1.000 brasileiros são doadores de sangue, o que representa 1,6% da população - número considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, durante a pandemia da covid-19, o número de coletas de sangue teve uma queda significativa no país.

"A necessidade de maior número de doadores de sangue sempre foi urgente nos hemocentros em razão das demandas das unidades de saúde. Em 2021, a questão da doação de sangue se tornou algo emergencial", disse José Francisco Comenalli Marques Jr, vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), ao SBT News.

Números do Ministério da Saúde apontam que desde 2020, devido à pandemia, houve uma diminuição de 15% a 20% nas doações. No ano passado, foram realizadas 2.958.665 coletas de sangue em todo o país, ficando atrás do número de doações de 2019, que registrou 3.271.824 coletas.

Contudo, mesmo com a queda, a pasta esclareceu, em nota oficial, que ainda não houve registro de desabastecimento de bolsas de sangue no Brasil, mas que alguns hemocentros já necessitam de apoio da população com certos tipos sanguíneos.

O Hemocentro Regional de Uberlândia, por exemplo, divulgou um alerta de emergência na última 3ª feira (8.jun) pedindo ajuda da população. "A baixa nos estoques é regra para todos os tipos de sangue, mas os tipos mais utilizados estão em níveis críticos", declarou a unidade. 

Segundo o centro de coleta, o estoque do sangue tipo A+ (que pode ser doado para mais um outro tipo) está 60% abaixo do normal, enquanto os níveis de sangue O+, (compatível para a doação de outros três tipos) estão 70% abaixo. Já o O-, tipo sanguíneo que é doador universal, está com o estoque 80% abaixo do seguro.

Campanhas

Com o baixo número de bolsas de sangue disponíveis, os hemocentros estão aproveitando para divulgar cada vez mais a campanha Junho Vermelho, criada pelo movimento Eu Dou Sangue, em 2011. A iniciativa, que procura estimular a população para que realize a doação de sangue, é lançada em um dos momentos com maiores quedas de coleta devido às baixas temperaturas e às férias escolares. Além disso, no mês de junho é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado hoje, dia 14.

No Rio de Janeiro, mensagens em painéis luminosos nas rodovias e a distribuição de passagens de metrô gratuitas - para aqueles que forem doar sangue - são algumas das iniciativas utilizadas para reforçar o gesto promovido pela campanha.

Em São Paulo, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), juntamente da Associação Brasileira de Talassemia (Abrasta), incentivou a produção de um grafite para dar mais visibilidade à ação. A obra, de autoria do artista Tito Ferrara, foi realizada em um muro da estação Pinheiros do metrô, localizado no canteiro central, entre as pistas expressa e local da Marginal Pinheiros.

Grafite realizado no muro da estação Pinheiros, em SP | Reprodução Instagram/Tito Ferrera

Já em Santa Catarina, o Centro de Hematologia e Hemoterapia (HEMOSC) aderiu à campanha de doação de sangue com transporte gratuito. Serão 300 corridas grátis no valor de até R$ 30,00 (cada viagem) disponibilizadas aos candidatos que forem prestar a ação - ida e volta aos hemocentros. A iniciativa é uma parceria entre a Abrale e o aplicativo de transporte individual 99.

Para aumentar ainda mais os estoques, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) criou o programa "Um Só Sangue", que tem como objetivo compartilhar informações e estimular o ato de doar sangue não apenas em junho, mas o ano inteiro.

"É importante promover divulgações para que toda a população tenha conhecimento das medidas de segurança para a doação de sangue. É fundamental enfatizar que esse é um ato voluntário que pode ajudar a salvar muitas vidas", ressaltou Comenalli. "Vale destacar que, em cerca de um dia, o organismo já repõe a quantidade de sangue que foi retirada na doação", explicou o especialista.

Segurança

Devido a pandemia, todos os hemocentros do país aderiram às novas medidas de segurança e estão operando em conformidade com as recomendações das autoridades sanitárias. A maioria, senão a totalidade dos postos de coleta, está funcionando com atendimento pré-agendado, que pode ser realizado pelo site ou pelo telefone da unidade, para evitar aglomerações.

"Me senti totalmente segura para doar mesmo nesse momento que estamos passando. Inclusive, acho que se você pode e tem o desejo de doar, essa é a hora. Muitas pessoas precisam e os estoques estão baixos em algumas cidades", declarou a doadora Milena Damas, de São Gonçalo (RJ). "Foi a primeira vez que eu doei e a sensação de saber que estou ajudando a salvar uma vida é inexplicável", completou.

De acordo com o Ministério da Saúde, o consumo de sangue é diário e contínuo e engloba desde acidentes resultantes em hemorragias e cirurgias de urgências, até anemias crônicas, complicações de dengue, febre amarela e tratamento de câncer.

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Rafael de Freitas, doador regular de sangue, disse que estava inseguro para retomar às doações por conta da pandemia, mas que acabou cedendo aos pedidos de ajuda dos hemocentros. "Eu tenho que doar, é um dever, ainda mais que o meu tipo sanguíneo é o mais raro (O+)".

Como doar

Para doar, o candidato deve ter entre 16 e 69 anos e pesar no mínimo 50 quilos - menores de 18 anos precisam do consentimento formal dos responsáveis. No dia da coleta, o voluntário deve apresentar documento de identificação com foto e estar bem alimentado, tendo evitado alimentos gordurosos pelo menos 3 horas antes da doação, e ter dormido ao menos seis das últimas 24 horas.

O processo de doação dura no máximo 40 minutos e o valor coletado não ultrapassa 10-15% da quantidade de sangue que o doador possui. Nenhum material usado na coleta é reutilizado, o que elimina qualquer possibilidade de contaminação.

Para voluntários homens, é recomendado o intervalo de ao menos dois meses para fazer a doação novamente, possibilitando até quatro coletas por ano. No caso das mulheres, esse intervalo é de, no mínimo, três meses, o que permite até três doações anuais.

Voluntários com febre, gripe ou resfriado, diarreia recente, grávidas e mulheres no pós-parto não podem doar temporariamente. Pessoas que tiveram quadro de hepatite após os 11 anos de idade, utilizaram drogas ilícitas injetáveis ou que possuírem evidências clínicas de doenças transmissíveis pelo sangue, como Aids, HTLV 1 e 2 e doença de Chagas, não podem realizar a doação.
 

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