Entrevista: Witzel critica MP, fala de Bolsonaro e diz crer em absolvição
Impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro será julgado nesta 6ª feira
SBT News
Governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) terá o impechament julgado pelo Tribunal Especial Misto nesta 6ª feira (30.abr), às 9h. Se condenado, ele se tornará o primeiro governador do Rio a ter o mandato impedido. Mais do que isso, ficará inelegível por cinco anos. Na véspera da sessão que definirá seu futuro político, Witzel concedeu entrevista exclusiva ao jornalismo do SBT. Na conversa, disse crer na absolvição, falou da relação com o ex-aliado Jair Bolsonaro (sem partido) e manifestou, reitaradas vezes, seu entendimento de que é alvo de um processo político -- com críticas contundentes ao Ministério Público, em especial à subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
"Acredito que amanhã, diante do que foi apresentado no processo, não há nenhum elemento que possa levar à minha cassação. Então eu acredito na absolvição amannhã, sem qualquer tipo de dúvida", cravou. Segundo Witzel, a investigação do MP, que o acusou de corrupção e lavagem de dinheiro foi "superficial e com o objetivo único e exclusivamente de assassinar a reputação de governadores". "Eu fui o primeiro."
Confira a íntegra da entrevista:
Sobre Lindôra Araújo, o governador afastado afirmou que a subprocuradora foi "cooptada por interesses diversos daquilo que deveria ser o MP". "O processo contra mim não é normal. É um processo com várias falhas de investigação. Eu sou apenas o primeiro governador. Outros governadores também estão sendo investigados e, agora, a procuradora responde por abuso de autoridade no Conselho Nacional do Ministério Público diante da clara demonstração dela de partidarização. Ou seja, ela se partidarizou, ela optou por um lado político na questão da pandemia no âmbito nacional", disparou.
O governador afastado ainda falou da relação com o presidente Jair Bolsonaro, de quem era aliado. Ao comentar a própria atuação no combate à pandemia de covid-19, Witzel chamou o presidente de negacionista e acusou a União de abandonar os governadores "à própria sorte". "Fizemos o que podíamos fazer. Para fazer melhor, o governo federal teria que agir. E o resultado é esse: falta de vacina, falta preparação, falta de organização, os ministros da Saúde se sucedendo e, infelizmente, envolvidos na falta de preparação disso tudo. E isso é resultado do governo negacionista. Lamentavelmente, o presidente não entendeu que a pandemia é séria e que ele deveria ter liderado esse processo junto com os governadores. E ele fez o contrário. Ele não conversa com os governadores e ele não age para ajudar os estados como outros países fizeram."
Witzel ainda disse ver no presidente uma "dificuldade de ser o líder da Nação": "Lamentalvemente, todos os momentos que nós tivemos juntos eu sempre fui cordial, sempre fui educado, eu nunca persegui o presidente. Agora, ele não tem diálogo. Nós ajudamos a elegê-lo, mas, assim como outros governadores que ajudaram a elegê-lo, nós não tivemos a reciprocidade do presidente, porque falta a ele a capacidade de liderança, de gestão e de relacionamento. Nós não conseguimos conversar com o presidente, ele é uma pessoa muito difícil e, com a influência dos filhos, fica pior ainda". O governador afastado, porém, evitou responsabilizar o presidente pelo processo que o investiga.
Por fim, Witzel afirmou fazer questão de defender a sua honra, negou temer ser preso -- "Único medo que tenho é desagradar a Deus" --, disse que se perder os direitos políticos vai retomar a carreira como advogado e professor, mas, citando os ex-presidentes Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva -- a quem referiu-se como vítima de falhas processuais que o tiraram das eleições de 2018 --, projetou um futuro na política: "Injustiças a história corrige rapidamente".