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Brasil

Ex-prefeito de Manaus culpa governador por oxigênio: "Incapaz e incompetente"

Para Arthur Virgílio, não cabe a Bolsonaro zelar pelo estoque do insumo hospitalar no Amazonas, mas sim a Wilson Lima (PSC)

Imagem da noticia Ex-prefeito de Manaus culpa governador por oxigênio: "Incapaz e incompetente"
Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus
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O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgilio (PSDB-AM) responsabilizou o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), pelo colapso na rede de saúde do estado e chamou o titular do Executivo estadual de "incapaz e incompetente". 

Desde a semana passada, os hospitais amazonenses começaram a apresentar falta de oxigênio, no momento em que houve nova disparada de infecções no estado. O número de mortes também cresceu. 
 
A COVID-19 NO AMAZONAS

Total de casos: 232.434 
Total de mortes: 6.308

*Dados referentes até o dia 18 de janeiro de 2021

"Eu tenho todas as críticas ao Bolsonaro. Mas não caberia a ele, agora, zelar pelo estoque do oxigênio do governo do Amazonas. O governador é um incompetente, um incapaz", afirmou Virgilio em entrevista ao SBT News
 

"Se eu fosse governador, eu não conseguiria parar de chorar. Porque eu me sentiria responsável por aquilo. Por aquelas mortes. Me impressiona a frieza, como se não fosse com ele. É triste de ver".


Questionado sobre o motivo das críticas, Virgílio disse que é "descaso". "É descaso. Se não fosse isso que estou falando, era para o Brasil inteiro estar assim [sem estoque de oxigênio]", afirmou.

Para ajudar a contornar a crise sanitária do Amazonas, o governo da Venezuela enviou uma remessa de cilindros de oxigênio ao estado. O lote, com cerca de 100 mil m³. deve chegar no fim desta segunda-feira (18.jan) em solo brasileiro. Para Virgílio, isso é "humilhante". "Em Manaus, tem vários trabalhadores venezuelanos que ficam na rua pedindo esmola. Está cheio. De repente, o governo da Venezuela vai enviar oxigênio para o Amazonas, porque não tem mais", disse.

A situação no Amazonas fez com que a Procuradoria-Geral da República determinasse no sábado (16.jan) abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para investigar eventual omissão de Wilson Lima e da prefeitura de Manaus, comandada atualmente pelo recém-empossado David Almeida (Avante), no caso do colapso na saúde.

Virgílio deixou o comando da prefeitura de Manaus em 31 de dezembro de 2020, com o término de seu mandato. Mas esteve no cargo no início da pandemia, em março daquele ano. Em meados de maio, a cidade teve a primeira onda de infecções e ganhou as páginas dos jornais - inclusive internacionais - pelo número de mortes registradas à época. O sistema funerário da cidade beirou o colapso. O volume de óbitos era tanto que muitas pessoas foram enterradas em valas escavadas por maquinários contratados pelo poder público. 

Túmulos no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus. Pandemia deixou o sistema funerário da cidade próximo do limite. Enterros foram improvisados. Foto: Alex Pazuello/Semcom

Para Virgílio, a União fez o que tinha que ser feito ao destinar recursos para o Amazonas durante a pandemia. O tucano, porém, atribuiu a alta de casos no Brasil ao discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro.

"Bolsonaro até mandou dinheiro para ele (governador do Amazonas). Mas ele é responsável por muita gente andar sem máscara na rua, aglomerar, por chamar a covid de gripezinha", disse o ex-prefeito. "Eu não tenho a menor garantia hoje de que as pessoas vão sair de máscara na rua. E as aglomerações são insistentes. De quebra, o governador não lidera".
 

OUTRO LADO


Questionado pelo SBT News, o governo do Amazonas respondeu com a seguinte nota:

"O Governo do Estado informa que não tem poupado esforços para estruturar a rede de saúde, tendo triplicado o número de leitos desde o início da pandemia e reforçado recursos humanos para garantir assistência adequada a toda a população. A pressão sobre a rede estadual de saúde se dá, em parte, pela baixa cobertura da atenção básica em Manaus, que leva ao agravamento de casos principalmente em pacientes com comorbidades. Tanto a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) quanto o Ministério da Saúde são unânimes em afirmar que municípios com maior cobertura na atenção primária apresentam melhor desempenho no enfrentamento à pandemia. Além da baixa cobertura, a gestão do ex-prefeito Artur Neto destinou apenas 18 Unidades Básicas de Saúde para atendimento de casos de Covid-19, de um universo de mais de 200 UBS na capital, e desativou o hospital de campanha que mantinha com a iniciativa privada, única medida efetiva adotada durante sua gestão para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Manaus é uma das poucas capitais que não possui um hospital municipal."

O Planalto também foi consultado, mas informou que não responderia.
 

CEMITÉRIOS LOTADOS


Também em entrevista ao SBT News, o coveiro Francisco Soares, de 50 anos, afirmou que enterrou 198 pessoas em uma semana no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus. "É muita dor", lamentou o rapaz. 

Vídeos encaminhados pelo coveiro à reportagem mostram os necrotérios de Manaus repletos de corpos, cobertos por sacos plásticos identificados pela causa da morte de cada um. Na maior parte delas, a mesma: covid-19. 

É a segunda vez que Francisco diz ter presenciado algo do tipo. A primeira foi justamente durante a primeira onda de contaminações que assolou o estado, no início do ano de 2020. No ápice da pandemia na região, o coveiro afirmou ter enterrado, em um só dia, mais de 230 pessoas no cemitério Nossa Senhora Aparecida. "Enterrei três amigos que morreram dessa doença aí", disse.
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