Brasil
Diversidade aumenta competitividade criativa nas empresas
Afirmação é de executivo da multinacional Bayer, Maurício Rodrigues. Empresa criou programa de trainee só para negros
Roseann Kennedy
• Atualizado em
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O vice-presidente de finanças da Bayer Crop Science, um dos criadores do programa de trainee para negros na multinacional, Maurício Rodrigues, afirmou que o ambiente inclusivo aumenta a competitividade criativa das empresas e apostou que a adoção de medidas afirmativas vai se expandir no mundo corporativo.
"Nós acreditamos que tendo um pool mais diverso de funcionários você tem condições de ser uma empresa melhor. Muitas das empresas de tecnologia já nascem com isso dentro do DNA delas, porque muitas são de criação e de inovação. Hoje estou convencido de que não é uma moda, não é algo passageiro", disse.
A Bayer é uma empresa de pesquisa e inovação nas áreas de saúde e alimentação. Tem cerca de 100 mil funcionários no mundo, sendo 7 mil no Brasil. As inscrições para o trainee, que terá 19 vagas, vão até a próxima quarta-feira (21). Segundo Rodrigues, o objetivo do programa Liderança Negra Bayer é dar mais equidade nos cargos de comando.
"Nós identificamos que temos um percentual mais alto de pessoas negras dentro da organização nos níveis de entrada e não nos níveis de liderança e de coordenação da empresa. Uns dos principais objetivos é conseguirmos de alguma maneira acelerar a formação desses líderes", explicou, em entrevista ao Poder em Foco, que vai ao ar neste domingo (18 out), no SBT.
A Bayer já faz programa semelhante para estagiários. Possui cerca de 430 no Brasil, sendo 120 negros. "A questão etnico-racial é um dos 5 pilares que nós tratamos. Também passamos pela diversidade de gênero, LGBTQ, pessoas com deficiência e a questão de gerações. Se no nosso programa de trainee, amanhã ou depois, entrar só homens negros, eu acho que a gente não atingiu o objetivo. Nós precisamos de alguma maneira tratar a diversidade de uma forma mais ampla", defendeu o executivo que também é patrocinador do grupo de diversidade étnico-racial BayAfro.
Para ele, as polêmicas que surgem sobre a criação de programas de contratação exclusiva de profissionais afrodescendentes ocorre porque o debate sobre a questão racial ganhou força. "Estamos passando por mais uma rodada das ações afirmativas. Tivemos há alguns anos um passo importante, que foram as ações para entrada de pessoas negras nas universidades e conseguimos ver, vários anos depois, o resultado. É um momento importante. Toda nova onda gera algum tipo de controvérsia. Mas estamos muito seguros de que essas ações afirmativas são necessárias e parte dessa jornada", ponderou.
Referências negras
Maurício Rodrigues tem 45 anos, é engenheiro civil com MBA em Finanças, também já atuou nos Estados Unidos e no México. Ele destaca que teve vantagens que destoam da média da população negra no Brasil. "Isso foi possível porque seus pais conseguiram romper um ciclo e romperam um padrão que havia dentro da família. Formaram-se em Engenharia e Direito. Conseguiram me dar educação e referência, o que fez que mudasse essa curva", constatou.
O executivo conta que estudou em boa escola, o que abriu portas para fazer engenharia civil na Universidade de São Paulo (USP) e depois entrar para grandes empresas. "Por outro lado, pelo fato de estar inserido numa parcela da população predominantemente branca, você vive algo que as pessoas costumam chamar de síndrome do filho único. Eu era sempre o único negro da escola, o único negro do MBA ou uns dos poucos negros da universidade e assim por diante. Isso faz com que você sempre tenha que se provar mais do que os outros", relatou.
O vice-presidente da Bayer Crop Science acredita que ajudar na formação de lideranças negras é uma forma de permitir às novas gerações ampliar o leque de sonhos.
"Costumo dar um exemplo simples: um jovem negro no Brasil não tem dúvida de que ele possa ser um bom jogador de futebol. Há várias pessoas negras que são jogadoras de futebol. Não falta referência nesse caso. Seria ótimo que a gente tivesse referências dentro das empresas para que esses jovens pudessem almejar serem gerentes, presidentes, vice-presidentes. Para que essas pessoas possam sonhar e ter cargos de relevância. E, antes de mais nada, exercerem aquilo que almejam e não limitar os sonhos que eventualmente eles tenham", concluiu.
O *Poder em Foco* é o programa de entrevistas do *SBT* em parceria editorial com o jornal digital Poder 360. É apresentado pelo jornalista Fernando Rodrigues e vai ao ar todos os domingos, logo após o Programa Silvio Santos.
"Nós acreditamos que tendo um pool mais diverso de funcionários você tem condições de ser uma empresa melhor. Muitas das empresas de tecnologia já nascem com isso dentro do DNA delas, porque muitas são de criação e de inovação. Hoje estou convencido de que não é uma moda, não é algo passageiro", disse.
A Bayer é uma empresa de pesquisa e inovação nas áreas de saúde e alimentação. Tem cerca de 100 mil funcionários no mundo, sendo 7 mil no Brasil. As inscrições para o trainee, que terá 19 vagas, vão até a próxima quarta-feira (21). Segundo Rodrigues, o objetivo do programa Liderança Negra Bayer é dar mais equidade nos cargos de comando.
"Nós identificamos que temos um percentual mais alto de pessoas negras dentro da organização nos níveis de entrada e não nos níveis de liderança e de coordenação da empresa. Uns dos principais objetivos é conseguirmos de alguma maneira acelerar a formação desses líderes", explicou, em entrevista ao Poder em Foco, que vai ao ar neste domingo (18 out), no SBT.
A Bayer já faz programa semelhante para estagiários. Possui cerca de 430 no Brasil, sendo 120 negros. "A questão etnico-racial é um dos 5 pilares que nós tratamos. Também passamos pela diversidade de gênero, LGBTQ, pessoas com deficiência e a questão de gerações. Se no nosso programa de trainee, amanhã ou depois, entrar só homens negros, eu acho que a gente não atingiu o objetivo. Nós precisamos de alguma maneira tratar a diversidade de uma forma mais ampla", defendeu o executivo que também é patrocinador do grupo de diversidade étnico-racial BayAfro.
Para ele, as polêmicas que surgem sobre a criação de programas de contratação exclusiva de profissionais afrodescendentes ocorre porque o debate sobre a questão racial ganhou força. "Estamos passando por mais uma rodada das ações afirmativas. Tivemos há alguns anos um passo importante, que foram as ações para entrada de pessoas negras nas universidades e conseguimos ver, vários anos depois, o resultado. É um momento importante. Toda nova onda gera algum tipo de controvérsia. Mas estamos muito seguros de que essas ações afirmativas são necessárias e parte dessa jornada", ponderou.
Referências negras
Maurício Rodrigues tem 45 anos, é engenheiro civil com MBA em Finanças, também já atuou nos Estados Unidos e no México. Ele destaca que teve vantagens que destoam da média da população negra no Brasil. "Isso foi possível porque seus pais conseguiram romper um ciclo e romperam um padrão que havia dentro da família. Formaram-se em Engenharia e Direito. Conseguiram me dar educação e referência, o que fez que mudasse essa curva", constatou.
O executivo conta que estudou em boa escola, o que abriu portas para fazer engenharia civil na Universidade de São Paulo (USP) e depois entrar para grandes empresas. "Por outro lado, pelo fato de estar inserido numa parcela da população predominantemente branca, você vive algo que as pessoas costumam chamar de síndrome do filho único. Eu era sempre o único negro da escola, o único negro do MBA ou uns dos poucos negros da universidade e assim por diante. Isso faz com que você sempre tenha que se provar mais do que os outros", relatou.
O vice-presidente da Bayer Crop Science acredita que ajudar na formação de lideranças negras é uma forma de permitir às novas gerações ampliar o leque de sonhos.
"Costumo dar um exemplo simples: um jovem negro no Brasil não tem dúvida de que ele possa ser um bom jogador de futebol. Há várias pessoas negras que são jogadoras de futebol. Não falta referência nesse caso. Seria ótimo que a gente tivesse referências dentro das empresas para que esses jovens pudessem almejar serem gerentes, presidentes, vice-presidentes. Para que essas pessoas possam sonhar e ter cargos de relevância. E, antes de mais nada, exercerem aquilo que almejam e não limitar os sonhos que eventualmente eles tenham", concluiu.
O *Poder em Foco* é o programa de entrevistas do *SBT* em parceria editorial com o jornal digital Poder 360. É apresentado pelo jornalista Fernando Rodrigues e vai ao ar todos os domingos, logo após o Programa Silvio Santos.
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