Setores atingidos por acordo com UE já avaliam futuros reflexos
A parceria com o bloco econômico europeu ainda precisará ser encaminhado ao Congresso, e aprovado por deputados e senadores
SBT News
Diversos setores da economia brasileira, que serão diretamente impactados pelo acordo selado entre o Mercosul e a União Europeia, nesta sexta-feira (28), na Bélgica, já começaram a avaliar os resultados da parceria para os negócios.
Os vinhos produzidos no Brasil, por exemplo, poderão ganhar novos mercados no exterior, porém, como o acordo é "uma via de mão dupla", passarão a ter a concorrência dos vinhos europeus aqui no país - que estarão mais baratos para os brasileiros.
"O setor vinícola está muito preocupado, porque o acordo coloca para competir, em igualdade de condições, dois países, dois blocos muito diferentes. Quem vai perder? Certamente uma fatia do mercado brasileiro e vinhos argentinos, porque não são tão competitivos quanto os vinhos europeus", argumenta Carlos Paviani, diretor do Instituto Brasileiro do Vinho.
O vinho brasileiro faz parte do grupo de produtos que terão garantia de reconhecimento e proteção no território europeu. Assim como a cachaça, o café e o queijo.
Além disso, serão eliminadas as tarifas de exportação para grandes produções brasileiras, como o suco de laranja, frutas, peixes e crustáceos.
Já a carne, o açúcar, o etanol, o arroz, os ovos e o mel terão embarque preferencial para a União Europeia.
Só no ano passado, o Brasil exportou quarenta e dois bilhões de dólares para a União Europeia, e importou quase trinta e cinco bilhões.
Segundo o Governo, o acordo pode aumentar as exportações em quase cem bilhões, até 2035. A expectativa é que, em 15 anos, o Produto Interno Bruto brasileiro seja elevado em mais de oitenta e sete bilhões de dólares.
O acordo entre os dois blocos econômicos começou a ser costurado em 1999, ainda no Governo Fernando Henrique Cardoso.
No entanto, pela dificuldade em chegar a um consenso entre as partes - nos vários aspectos que envolvem um documento dessa magnitude -, as discussões foram interrompidas, mais de uma vez, e se arrastaram ao longo de vinte anos.
A atual rodada de negociações começou em 2016. A mudança no ambiente político mundial, neste último ano, foi o que possibilitou o acordo, que é considerado, por ambos os lados, um momento histórico.
Quando o compromisso estiver revisado, traduzido e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, será encaminhado para o Congresso Nacional, para que deputados e senadores aprovem o texto. E é justamente neste momento de análise em que os produtos locais poderão ser defendidos.
Desta forma, caberá às bancadas parlamentares, como a ruralista, atuar na defesa dos interesses dos produtores rurais brasileiros.