Resultado do agro será menor em 2024, projeta CNA
Fenômeno El Niño e o cenário geopolítico são os maiores desafios para o setor neste próximo ano
Sandra Santos
O PIB do Agronegócio em 2024 deve registrar recuo de até 2% em relação à 2023. As projeções divulgadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), indicam que em 2024 a produção de grãos reduzirá o volume em 1,89%; e a agropecuária sofrerá uma queda de 2,1% em relação a 2023, totalizando um valor bruto de R$ 1,217 trilhão.
Essa estimativa, anunciada nesta terça-feira (5.nov), reflete incertezas relacionadas ao El Niño, resultando em um declínio de 3,4% no valor bruto da produção agrícola em comparação com 2023.
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No que diz respeito à pecuária, espera-se um aumento de 0,8%, impulsionado principalmente pela recuperação dos preços da arroba do boi. Durante um evento em Brasília, a CNA apresentou uma análise do setor em 2023 e perspectivas para o próximo ano.
Apesar da safra recorde de grãos em 2022/23, atingindo 322,8 milhões de toneladas, os produtores rurais brasileiros enfrentaram uma redução na margem de lucro devido aos altos custos de produção e à queda nos preços das commodities. A margem bruta da soja caiu 68%, enquanto para o milho, o declínio foi ainda maior. Na pecuária de leite, os produtores experimentaram uma diminuição de 67,4% na margem de lucro em relação ao ano anterior.
Diante das incertezas para 2024, a CNA destaca a necessidade de aumentar os recursos para o seguro rural, sugerindo que seriam necessários R$ 3 bilhões para cobrir uma área de cerca de 14 milhões de hectares, a fim de mitigar os riscos de quebra de safra, como ocorreu em 2021.
No campo do comércio exterior, prevê-se um recorde nas exportações do agronegócio brasileiro em 2023, com uma estimativa de US$ 164 bilhões até o final do ano. Entretanto, para 2024, antevê-se um cenário desafiador, especialmente no contexto geopolítico, com possíveis discordâncias no Mercosul e riscos de barreiras comerciais da União Europeia devido à Lei Antidesmatamento, que entrará em vigor no fim desse ano.