Agronegócio é um dos principais demandantes de água no país
Para propriedades rurais utilizarem o recurso, é preciso de outorga, que atualmente pode ser solicitada por aplicativo
O Brasil, detentor de cerca de 12% de toda a água doce do mundo, enfrenta desafios significativos em relação à gestão desse recurso valioso. Nesse contexto, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) desempenha papel na regulação dos múltiplos usos da água e no acompanhamento dos níveis dos reservatórios em todo o país. Em uma entrevista para o SBT Agro, Felipe Sampaio, diretor da ANA, destacou a importância desse trabalho para garantir a segurança hídrica do Brasil.
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Embora a disputa por água seja uma realidade em várias partes do mundo, o Brasil tem conseguido, em grande parte, evitar esse tipo de conflito, mesmo com sua vasta extensão territorial. Isso se deve, em parte, à diplomacia e às cooperações estabelecidas com os países vizinhos."Temos algumas cooperações com países que compõem a Amazônia, por exemplo", diz o diretor.
Felipe Sampaio ressalta que a preservação da água está intrinsecamente ligada à produção de alimentos, com o agronegócio e a indústria destacando-se como os principais consumidores desse recurso.
"Cerca de 70% das outorgas de água no Brasil são destinadas à irrigação agrícola. A ANA monitora 57 bacias e regiões com escassez hídrica, onde é fundamental estabelecer um diálogo constante com os usuários, que incluem agricultores, indústrias e produtores de peixes, para avaliar a possibilidade de redução do uso e aprimorar a gestão da água", complementa.
Além disso, a ANA realiza estudos sobre tecnologias que promovem a economia de água, como o uso de sistemas de irrigação por pivôs centrais.
No contexto da agricultura, a obtenção de uma outorga de uso da água é fundamental para os produtores rurais. Essa autorização evita que investimentos em irrigação e outras práticas agrícolas sejam feitos sem a devida garantia de acesso à água. Para simplificar esse processo, a ANA lançou o aplicativo Águas Brasil, que oferece uma ampla gama de serviços, permitindo aos usuários solicitar, acompanhar e emitir suas outorgas de forma mais eficiente.
"O aplicativo identifica automaticamente o ponto de captação de água e verifica a disponibilidade do recurso, tornando o processo mais acessível e intuitivo", disse.
É necessário que os produtores rurais compreendam a importância da outorga não apenas para a preservação da água, mas também para o desempenho sustentável de suas atividades. Dado que as regras podem variar conforme a região, a ANA promove um esforço conjunto com os estados, como recorda o diretor. "Fizemos um seminário com os estados para que eles pudessem expor os desafios que vivenciam nas liberações das outorgas. Precisa ser um trabalho integrado. Buscamos ajudar com sistemas, procedimentos internos e capacitação".
A abordagem integrada busca apoiar os produtores com sistemas mais eficientes, procedimentos simplificados, fortalecendo, assim, a gestão responsável desse recurso vital.