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Polícia

Homem com esquizofrenia entra em coma após abordagem policial no RS; família denuncia violência

Carlos Eduardo, de 43 anos, foi contido por policial à paisana após suposto furto em Guaíba; família fala em tentativa de homicídio e cobra responsabilização

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Há quase vinte dias, Wéverson Eduardo Fernandes vive o drama de acompanhar o pai entre a vida e a morte após uma abordagem da Brigada Militar em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Carlos Eduardo, de 43 anos, foi perseguido por suspeita de furtar um celular, mas, segundo a família, sofria um surto psiquiátrico no momento da ação. Ele foi diagnosticado com esquizofrenia em 2024. “Acredito que alguma coisa aconteceu. Ele deve ter conversado com esse outro rapaz, pegou o telefone e saiu correndo”, explica o filho.

Mesmo imobilizado, Carlos foi contido por um policial à paisana, que se debruçou sobre ele. Já desacordado, o homem foi arrastado até uma viatura e levado ao hospital. Ele ficou em coma induzido por mais de uma semana e segue internado na UTI, sem responder a estímulos. A família teme sequelas permanentes.

"Meu pai nunca foi vagabundo. A partir do segundo momento, quando o policial volta para cima dele, foi uma tentativa de homicídio. Tiraram o direito à vida dele", desabafa Wéverson.

Apesar da gravidade do caso, os policiais envolvidos na ação não foram afastados. "Não há um erro nesse contexto que estamos fazendo a apuração. Terminou a apuração? Ainda não. Pode aparecer um vídeo novo que mostre um ângulo diferente e esclareça melhor", disse Wladimir Luís da Silva, corregedor da Brigada Militar do RS.

Violência policial em alta no RS

Segundo o Anuário de Segurança Pública, o Brasil registrou 6.393 mortes em ações policiais em 2023, a maioria envolvendo policiais militares. No Rio Grande do Sul, os casos aumentaram em 50% em relação ao ano anterior, totalizando 132 mortes.

No início de julho, outro episódio envolvendo a Brigada Militar chocou o estado. Em Santa Maria, um homem de 54 anos foi morto a tiros durante uma abordagem policial por causa de uma denúncia ambiental. A corporação afirmou que ele reagiu, mas a família contesta.

Especialistas em segurança pública alertam para a falta de preparo e a formação acelerada dos policiais como fatores que contribuem para abordagens mal conduzidas e violentas.

"Em seis meses o policial já está na rua, usando arma de fogo, aplicando o direito e a força. O Estado coloca esse profissional à frente da segurança pública sem as condições mínimas necessárias", critica Charles Kieling, especialista em segurança pública.
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