Amigas enterradas lado a lado após atropelamento: famílias em luto pedem justiça
Isabela e Isabelli foram enterradas lado a lado em São Caetano do Sul; motorista teve prisão decretada após suspeita de racha

Rodrigo Garavini
O silêncio foi quebrado apenas pelo choro dos familiares e amigos que chegaram juntos ao Cemitério da Saudade, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, para se despedirem de Isabela e Isabelli, ambas com 18 anos. Elas foram enterradas lado a lado nesta quinta-feira (11), depois de morrerem atropeladas por um carro em alta velocidade.
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"Ela era minha vida. Nunca mais vai ser igual", disse Claudilene, mãe de Isabelli, em meio à comoção.
"Não é só a dor de perder. É a revolta de saber que foi por pura irresponsabilidade", desabafou Marcos, pai de Isabela.
Acidente trágico em via com limite de 60 km/h
As jovens foram atingidas por um veículo que, segundo a investigação, trafegava muito acima da velocidade permitida. A força do impacto foi tão grande que uma delas foi arremessada a 52 metros, e a outra, a 47 metros.
O motorista, identificado como Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos, é estudante de Direito. O carro que ele dirigia ficou completamente destruído. O teste do bafômetro deu negativo, mas uma contraprova foi feita pelo Instituto Médico Legal (IML). O laudo deve sair nos próximos dias.
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Uma testemunha relatou à polícia que Brendo estaria participando de um racha com outro carro no momento do acidente.
Brendo foi filmado ao chegar à delegacia, escoltado por policiais. A defesa nega que ele estivesse envolvido em qualquer disputa de velocidade. "Não houve racha. Ele perdeu o controle", afirmou a advogada de Brendo.
Prisão preventiva decretada pela Justiça
Brendo teve a prisão preventiva decretada e foi levado ao Centro de Detenção Provisória (CDP). No despacho, o juiz Marcos Matos Sestini destacou que o carro dirigido por ele tinha modificações para gerar mais potência, o que indicaria um padrão de comportamento perigoso.
Segundo o magistrado, Brendo demonstrou "desrespeito e falta de empatia com as pessoas", além de ignorar as consequências de sua conduta em uma via movimentada, com grande circulação de pedestres e crianças.
"A decisão da Justiça é um alívio. A dor não passa, mas pelo menos começa a existir alguma resposta", disse o pai de Isabela.
"A gente só quer que ninguém mais passe por isso. Que essa imprudência não tire mais vidas", completou a mãe de Isabelli.