Polícia nega que criança foi ferida por bala da PM em Paraisópolis
Coronel disse que constatação partiu de análise das câmeras de segurança do local. Ouvidoria pediu afastamento dos militares envolvidos
A Polícia Militar negou que a bala que atingiu a cabeça do menino de sete anos, na manhã de quarta-feira (17), na comunidade de Paraisópolis, partiu de um disparo de um policial.
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“De acordo com a análise das câmeras, podemos assegurar, já neste primeiro momento, que a criança não foi ferida por disparo de arma de fogo proveniente de arma de policial militar”, disse o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar.
Ele acrescenta que não é possível saber se o disparo veio dos criminosos, um pedaço de reboco e estilhaço ou uma queda. Segundo o coronel, o ferimento foi na testa "aparentemente um corte, que ainda está bastante inchado".
Devido ao ocorrido, a Ouvidoria da Polícia Militar pediu o afastamento dos militares envolvidos na ação.
O que aconteceu?
Kauan Veríssimo Felix estava indo para a escola quando foi atingido por um disparo na cabeça durante uma troca de tiro entre PMs e traficantes. Em nota, a Ouvidoria diz que enviou ofício pedindo que os policiais sejam afastados no início desta tarde. Segundo a ouvidoria, o pedido também tem como alvos os PMs que foram filmados coletando objetos do chão no local onde a operação foi realizada.
O órgão diz que também pediu a abertura de um inquérito pela Polícia Civil, acesso aos laudos periciais, imagens das câmeras corporais dos policiais e do local da operação no momento em que ela era realizada.
"Reafirmamos nossa confiança na boa condução de nossas forças de segurança no caso, ao mesmo tempo em que enfatizamos a urgente e necessária discussão sobre a tecnicalidade dessas operações e a saúde mental e preparo psicológico da tropa, a fim de garantir segurança sem o importe de mortos e feridos inocentes", afirma Claudio Silva, ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo.
Ato pela paz
Revoltados com a violência na região, os moradores de Paraisópolis organizam uma manifestação pedindo paz na comunidade na próxima quinta-feira (18), às 17h. A concentração será em frente à União dos Moradores e ao Comércio de Paraisópolis.
"Na região onde aconteceu o tiroteio, circulam diariamente cerca de 7 mil crianças a caminho das escolas, fora trabalhadores, pacientes em postos de saúde, entre outras pessoas que circulam pela comunidade. Temos que dar um basta nesta situação. Somos tratados como violentos e marginais, quando na verdade, somos marginalizados e violentados pela falta de políticas públicas, que nos são negadas a cada eleição. Ouvimos dizer que a mão do Estado chegaria a Paraisópolis. Qual mão? Aquela que estendida, realiza melhorias, como saúde, saneamento básico, habitação, educação, cultura, entre outras, que beneficiam e trazem dignidade à população? Ou aquela que promove o temor, que aterroriza, que tira a vida de inocentes?", diz o texto que convoca as pessoas para o protesto.