Rússia diz ter conquistado Luhansk, região ucraniana anexada por Putin em 2022
Avanço deixa Moscou próximo de controlar a bacia de Donbass; Ucrânia ainda não se pronunciou

Camila Stucaluc
A Rússia reivindicou, na terça-feira (1º), o domínio total da região de Luhansk, no leste da Ucrânia. A área foi anexada pelo presidente Vladimir Putin em 2022, juntamente com Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia. Essa é a primeira região ucraniana a cair totalmente sob o controle russo desde 2014, quando Moscou tomou a Crimeia.
"O território da República Popular de Luhansk está totalmente libertado - 100%", disse o chefe da região separatista apoiado pela Rússia, Leonid Pasechnik, em pronunciamento à televisão estatal de Moscou.
O governo ucraniano ainda não se pronunciou sobre a alegação russa. Em sua última declaração, o presidente Volodymyr Zelensky pediu apenas mais sanções para Moscou, como forma de pressionar o governo a acordar um cessar-fogo. Segundo ele, Putin está “atrasando propositalmente” as negociações.
“Putin já roubou praticamente meio ano da diplomacia, além de toda a duração desta guerra. A Rússia não está mudando seus planos e não busca uma saída para esta guerra. Pelo contrário, está se preparando para novas operações, inclusive em território de países europeus. Esse é o princípio deles: os russos procuram explorar uma fraqueza. Eles precisam ver que existem meios para detê-los”, disse.
Disputa pelo leste ucraniano
O leste ucraniano, mais precisamente as regiões de Luhansk e Donetsk, é reivindicado há anos por Putin, que alega que as regiões separatistas buscam independência de Kiev ou anexação à Rússia. Com a conquista de Luhansk, Moscou expande a incorporação das terras internacionalmente reconhecidas como ucranianas. Nas regiões de Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, o controle russo já chega a 70%.
+ UE anuncia 17º pacote de sanções contra Rússia
Com o avanço no território ucraniano, Putin chega perto de um dos seus objetivos de guerra: a conquista da bacia de Donbass. Formada pelas regiões de Luhansk e Donetsk, a área, de aproximadamente 45 mil km², semelhante ao tamanho do estado do Rio de Janeiro (43.750 km²), abriga grandes reservas de carvão e ferro, além de um porto estratégico, o que a torna economicamente valiosa para Moscou.