Presidente do Fed sugere que política anti-imigração causa desemprego nos EUA
Jerome Powell afirmou que oferta de trabalhadores está diminuindo; Trump deportou 1,6 milhão de imigrantes nos primeiros 200 dias de seu governo

SBT News
O presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, sugeriu, nesta quarta-feira (17), que o aumento do desemprego no país pode estar relacionado à política anti-imigração do governo Donald Trump. Desde que assumiu, em janeiro deste ano, o presidente dos Estados Unidos vem colocando em prática um plano de deportação em massa e restringindo a entrada de estrangeiros.
Nos primeiros 200 dias de seu governo, Trump deportou 1,6 milhão de imigrantes, segundo o Departamento de Segurança Interna. Os Estados Unidos também fecharam fronteiras e restringiram o acesso ao visto temporário humanitário, medida que impactou mais de 500 mil imigrantes de países como Venezuela e Cuba.
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"Se você olhar tanto para o emprego quanto para a mudança na imigração, a oferta de trabalhadores está diminuindo", afirmou Powell, ao ser questionado, em coletiva de imprensa, sobre o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, para a faixa de 4% a 4,25% ao ano.
"Há muito pouco crescimento, se houver algum, na oferta de trabalhadores e, ao mesmo tempo, a demanda por trabalhadores caiu drasticamente a ponto de vermos o que chamei de equilíbrio curioso", acrescentou.
O desemprego nos Estados Unidos subiu de 4,2% em julho para 4,3% em agosto, o patamar mais elevado desde outubro de 2021, de acordo com o Departamento do Trabalho. A economia criou 22 mil novos postos de trabalho no mês passado, quando a expectativa era de 75 mil.
A inflação também está alta. O Fed prevê inflação a 3% em 2025 e a 2,6% em 2026, acima da projeção de junho. Para Powell, a questão pode ser atribuída ao tarifaço, que causou o aumento nos preços dos bens em diversos países do mundo.
No Brasil, Trump impôs uma tarifa de 50% sobre as importações, em parte como retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que correu no Supremo Tribunal Federal (STF). A tarifa representou um aumento significativo em relação à alíquota de 10% que os EUA impuseram ao Brasil no início de abril, motivada por uma suposta "relação comercial injusta" e "longe de ser recíproca".