Antifa: conheça o movimento que Trump quer tornar organização terrorista
Declaração do presidente dos Estados Unidos acontece em momento de forte polarização política, após a morte de Charlie Kirk
Murillo Otavio
com informações da Reuters
Pouco mais de uma semana depois do assassinato de Charlie Kirk, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em sua rede social que vai classificar a Antifa, abreviação para movimento antifacista, como “organização terrorista”.
A decisão do republicano acontece após declarações de autoridades norte-americanas que visam culpabilizar movimentos de esquerda pela morte do influenciador conservador.
Até o momento, não está claro de que forma aconteceria a classificação, já que a Antifa é uma organização informal e descentralizada.
O Antifa é um movimento antifascista que surgiu na Alemanha, na década de 1930, em oposição ao nazismo de Adolf Hitler.
Os participantes têm como causas principais o combate ao fascismo, racismo, homofobia, xenofobia e machismo. Também são comuns pautas ligadas ao ambientalismo, justiça social e críticas ao sistema capitalista.
De acordo com a BBC, alguns especialistas no assunto classificam o movimento ligado a princípios políticos da esquerda.
Nos dias atuais, grupos ligados ao movimento atuam em diversos países, inclusive no Brasil, sendo mais ativos nos Estados Unidos.
Os antifas não buscam representação eleitoral nem influência no Congresso. O grupo costuma adotar métodos semelhantes aos dos anarquistas, que incluem destruição de propriedades privadas e confrontos físicos com opositores.
Os grupos antifa atuam de diferentes formas: organizam protestos, expõem integrantes de movimentos de ódio e promovem boicotes a eventos de grupos extremistas.
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Repercussão do assassinato
A morte violenta de Charlie Kirk acentuou a polarização política nos Estados Unidos, transformando o caso em uma disputa entre direita e esquerda.
No Brasil, parlamentares e empresários bolsonaristas também saíram em defesa de Kirk, cobrando punições a quem celebrou sua morte.
O assassinato ocorreu em meio ao aumento da violência política no país. O próprio presidente Donald Trump foi alvo recente de uma tentativa de assassinato.
Tyler Robinson, suspeito de matar Kirk, confessou o crime e afirmou ter sido motivado por razões políticas. “Estava cansado de tanto ódio”, disse.
Kirk ficou conhecido por mobilizar votos para Trump e defender pautas radicais da direita norte-americana. Em 2023, chegou a declarar que “vale a pena o custo de mortes por armas de fogo para manter a Segunda Emenda”, que garante o direito à legítima defesa. Também afirmou preferir os Estados Unidos segregacionista.
Desde o ataque, ocorrido durante um evento na Universidade do Vale do Utah, aliados de Trump têm defendido que a esquerda seja responsabilizada por fomentar retóricas violentas que teriam culminado no crime.
Em um episódio especial do podcast de Kirk, apresentado pelo vice-presidente J. D. Vance, o assessor da Casa Branca Stephen Miller afirmou:
“Nós vamos concentrar toda a raiva dessa campanha organizada que levou ao assassinato [de Kirk] e usá-la para desmontar essas redes terroristas.”
Autoridades policiais, no entanto, sustentam que o suspeito agiu sozinho. Reportagem do The New York Times aponta que até familiares de Robinson votaram em candidatos republicanos, deixando em aberto sua real posição política.
Ainda assim, a esquerda passou a ser alvo de ataques. A proposta de Trump de classificar a Antifa como organização terrorista, mesmo sem relação direta com o crime, foi anunciada em sua rede Truth Social.
“Tenho o prazer de informar aos nossos muitos patriotas americanos que estou classificando a ANTIFA, UM DESASTRE DOENTIO E PERIGOSO DA EXTREMA ESQUERDA, COMO UMA ORGANIZAÇÃO TERRORISTA DE GRANDE ESCALA. Também recomendo fortemente que aqueles que financiam a ANTIFA sejam investigados minuciosamente”, escreveu.
Como foi o assassinato
Charlie Kirk morreu na quarta-feira (10) após ser baleado em um evento na universidade Utah Valley, na cidade de Orem, no estado de Utah, região central dos EUA.
Ele discursava para uma multidão, sentado sob uma tenda em que estava escrito "Me prove que estou errado", quando foi atingido no pescoço.
O ativista conservador participava da primeira palestra da "American Comeback Tour", uma série de 15 eventos em universidades, quando o disparo aconteceu. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento do ataque e o desespero das pessoas que estavam na plateia.
Além de empreendedor e ativista, Kirk era também influenciador digital com 14 milhões de seguidores em suas redes e foi considerado peça fundamental na mobilização de jovens na segunda eleição do presidente dos Estados Unidos Donald Trump.