Altas temperaturas colaboraram para aumento de 15% no consumo de sorvete em todo país
Segundo fabricantes, a variedade de sabores e a criatividade dos produtos tem aguçado a curiosidade e o paladar dos clientes
O calor acima de 30ºC e até mesmo o fenômeno El Niño, que elevou os termômetros em grande parte do país, foram comemorados pelos fabricantes de sorvete. Segundo a Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis - Abrasorvete, o consumo do produto pelos brasileiros aumentou 15% em 2023, totalizando 438 milhões de litros e um movimento de R$17 bilhões. E as projeções indicam um crescimento adicional de 5% nas vendas em 2024.
O presidente da Abrasorvete, Martin Eckhardt, está otimista, e aposta em um crescimento ainda maior nos próximos anos, chegando a 30% em 2028: "Isso porque o setor já vem se recuperando da crise provocada pela pandemia e pelo clima instável em algumas regiões do país, e agora, junto à Campanha 50 em 10, lançada em 2023, cujo objetivo é ampliar em 50% o consumo do sorvete em 10 anos, acreditamos uma ampla melhoria no ambiente de negócios de todo o segmento".
Uma pesquisa da entidade destaca também o interesse dos consumidores por novos sabores, uma tendência em ascensão no mercado. "Não é só o clima, também são as inovações que o setor está fazendo e a qualificação e profissionalização. Hoje, por exemplo, nos temos empresas regionais que trabalham no mesmo nível de empresas fora do país, nível de Europa e nível norte-americano", diz Martin.
Em São Paulo, a empresária Mel Kolanian, sócia de uma sorveteria, explica que o negócio foi criado com o objetivo de oferecer sabores diferenciados: "Quando inauguramos há dois anos, não esperávamos o tamanho do sucesso, com filas enormes. A ideia era ser diferente, pois achávamos que o mercado estava saturado. Aqui, o crescimento médio foi de 40% apenas no ano passado. Durante os finais de semana, vendemos de 3 a 4 mil sorvetes por dia e recebemos de 200 a 300 pedidos durante a semana".
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Segundo a Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis, o segmento reúne mais de 7 mil empresas e gera cerca de 300 mil empregos, diretos e indiretos.
Para os próximos anos, as inovações em matéria-prima são uma das principais tendências. As indústrias estão incluindo ingredientes que agregam valor aos produtos, como pistaches, avelãs, caramelos salgados e frutas cítricas. Assim, as empresas passam a oferecer produtos premium, que agregam valor e atraem novos consumidores, aumentando a margem de lucro. Outra preocupação são as embalagens, buscando materiais mais bonitos e sustentáveis. A Abrasorvete diz ter notado a substituição do isopor por alternativas mais ecológicas e até comestíveis, como talheres e casquinhas com design diferenciado, que chamam a atenção dos consumidores.