Criminosos trocam IMEI, o "CPF" dos celulares, dificultando bloqueio e recuperação de aparelhos roubados
Operação em São Paulo encontrou mais de 300 aparelhos em oficina de montagem clandestina na capital paulista

Vinícius Rangel
O IMEI — código de identificação único de cada celular — costuma ser fundamental para bloquear e tentar recuperar aparelhos em caso de roubo. Mas criminosos têm burlado esse sistema: em uma operação, a Polícia Civil encontrou uma “oficina” de montagem clandestina na região da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, e apreendeu mais de 300 celulares e 35 tablets. Dois comerciantes prestaram depoimento e foram liberados.
No local, investigadores descobriram que peças de vários aparelhos eram usadas para montar celulares “novos” e, em seguida, alterar o IMEI — o número que funciona como o CPF do aparelho. Segundo o delegado Luis Carlos Silva Santos, havia um tutorial no computador do estabelecimento ensinando como cancelar ou modificar o IMEI.
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É possível copiar o código de um celular legítimo e reaplicá-lo em outros aparelhos. Com isso, o mesmo IMEI pode aparecer em dispositivos diferentes, o que dificulta o bloqueio pelas operadoras e enfraquece programas oficiais como o Celular Seguro, do Ministério da Justiça.
“Quando você registra um boletim de ocorrência com o IMEI, o aparelho é bloqueado pelas operadoras. Eles usam a clonagem para burlar esse bloqueio: colocam outro IMEI e conseguem utilizar o celular”, diz o especialista em tecnologia Wally Niz.
A prática alimenta um mercado ilegal de peças e aparelhos. O delegado também ressaltou que esse é um caso de sofisticação. Os números mostram a dimensão do problema: cerca de 20% dos roubos e furtos de celulares no país ocorrem na cidade de São Paulo. De janeiro a agosto deste ano, foram registradas mais de 124 mil ocorrências na capital — o equivalente a um aparelho roubado a cada três minutos —, com aumento em relação ao ano anterior.
Para checar o IMEI de um aparelho, basta digitar no celular *#06# . A recomendação é anotar o código e guardar em local seguro, além de manter a nota fiscal: esses documentos ajudam no desbloqueio junto à operadora ou à Anatel.









